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"Estar na ONU é a realização de um sonho", diz artista Kobra em NY

O SBT News conversou com o artista brasileiro que pintou um mural na frente da sede das Nações Unidas

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Kobra em Nova York
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Washington DC - Em poucos dias, líderes de diferentes partes do mundo estarão reunidos em Nova York para a 77ª Assembleia Geral da ONU. O primeiro dia de discursos acontece na próxima 3ª feira (20.set). Entre os preparativos do evento, uma imagem chama, há dias, a atenção de quem passa pela Primeira Avenida. Em frente ao edifício com parede de vidros há um mural de 336 metros já totalmente pronto do artista paulistano Eduardo Kobra. Ele conversou com o SBT News. Também entrevistamos um dos personagens brasileiros pintados no mural da ONU, Rogério Rodrigues. As imagens e produção são de Yves Goulart. 

Realização de um sonho

"Eu, um dia, caminhando aqui por esta região, vi este espaço, vim visitar a obra do gênio Cândido Portinari mas jamais imaginei que cinco anos depois eu seria convidado tanto para uma exposição quanto para pintar este muro aqui na fachada. Então para mim está sendo uma conquista muito grande diante de uma dificuldade muito grande também, mas a vitória é imensa e isso me deu esperança, me deu fé, perseverança que vale a pena insistir e acreditar nos sonhos, embora tudo fosse muito complexo. Mas hoje a gente está aqui concretizando mais uma entrega de mais um mural aqui na cidade de Nova York."

Murais em Nova York

"Todo mundo sabe o quão complexo é conseguir as permissões aqui da cidade. É um desafio muito grande. Pintar é a parte fácil, a parte divertida, a parte relaxante mas a parte burocrática é realmente muito complexa e principalmente aqui na fachada da ONU é um espaço que ninguém pintou antes, é inédito, então a gente teve que provar muita coisa e contar com as autorizações tanto da cidade de Nova York, que a gente está utilizando a calçada aqui."

Kobra destaca ainda a intermediação da Missão do Brasil na ONU que atuou para que o trabalho pudesse ser aprovado. O artista ainda relatou que foi um ano de negociações e que ele ainda enfrentou um contratempo. "Quinze dias antes da data prevista recebemos uma notícia que talvez não daria, que faríamos em uma próxima ocasião. Daí eu peguei um avião, vim pra cá, fui batalhar por aquilo que eu acreditava."

Produção em tempo recorde e o cuidado com o planeta

Para finalizar o mural gigante, Eduardo Kobra usou um guindaste e pintou por sete dias das oito da manhã até a madrugada do dia seguinte. 
"Eu tive total liberdade criativa o tempo todo. Fiz 30 estudos diferentes. Estamos aqui na fachada ONU. São 193 países então tinha que ser algo equilibrado, de acordo com este contexto então eu fiz algo coerente com algo que eu já faço no trabalho que é a sustentabilidade. Como nós estamos cuidando do nosso planeta nos dias de hoje, os exemplos, as referências para as próximas gerações e como nós vamos entregar o planeta para as próximas gerações que estão chegando aí. Então por isso tem um pai representando todos os pais, e ele está entregando o planeta para sua filha que representa todos os filhos. No centro o planeta, a América Latina. Dei ênfase para a Floresta Amazônica que nós brasileiros temos amor, carinho e queremos que seja preservada cada vez mais, também o cuidado com os mananciais, com os animais, com as espécies em extinção, com os povos indígenas. A mensagem do mural é esta. O cuidado e o amor para com o planeta."

Algum painel favorito?

"Nova York é uma cidade incrível. É um dos berços da street art e eu tive este desafio. Morei aqui por um período. Cada um tem sua história. Deste projeto chamado "Cores pela liberdade", três não existem mais, mas tem uns que são vistos da High Line. O que eu posso dizer é que o primeiro mural que eu fiz aqui em Nova York foi o que me marcou mais. Ele ficou entre os dez pontos mais fotografados de Nova York. Você imagina o quão incrível é isso. E este mural (O Beijo) foi removido porque depois da repercussão tão grande, a prefeitura de Nova York notificou o proprietário avisando que o imóvel seria tombado pelo patrimônio histórico. Daí na mesma noite ele apagou o mural, o mural não existe mais. Mas o que o tempo apaga, a fotografia eterniza. A gente tem registros disso e cada um dos trabalhos é muito importante, muito relevante, como como o mural dos bombeiros que eu fiz aqui, outro que eu fiz durante a pandemia no World Trade Center (One World) a convite deles e é claro este painel essencial na minha trajetória e história, este painel aqui na ONU."

Outros 11 trabalhos do artista brasileiro estiveram expostos, até pouco tempo, na entrada das delegações na sede da ONU em Nova York. A exibição foi realizada por um convite da Missão do Brasil nas Nações Unidas para celebrar o bicentenário da independência. 

Os personagens Rogério e Maria

Os rostos pintados por Eduardo Kobra são de Rogério Rodrigues e Maria Isaías. Na manhã desta sexta-feira, 16, conversamos com Rogério. Paulistano, empresário, pai de Bento de 4 anos e Jamal de 12 anos. "O bacana é o que eu consigo enxergar daquela imagem. Pra mim é algo que tem a ver comigo. Você falar do planeta, de sustentabilidade, da transferência da nossa responsabilidade pros nossos filhos, para nossas crianças em geral... Olhando pro nosso cenário atual de muita desesperança é muito forte você passar uma imagem que você tem que ter esperança e de que as coisas vão melhorar."

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