Recrutas ucranianos são treinados por militares do Reino Unido
Pessoas comuns têm vontade de lutar por seu país e aprendem técnicas de combate
Luiza Bervian
Algumas semanas atrás, Serhiy era analista de negócios em uma empresa de tecnologia da informação. Zakhar era engenheiro civil. Agora eles são soldados, treinando para libertar a Ucrânia da invasão da Rússia. Mas estão fazendo isso no Reino Unido, a mais de 1.600 quilômetros de distância da capital ucraniana.
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Eles estão entre as várias centenas de recrutas ucranianos que passam por um treinamento de infantaria em uma base do exército no sudeste da Inglaterra. São 10 mil soldados ucranianos que os militares britânicos se comprometeram a treinar por quatro meses. Eles estão aprendendo técnicas como pontaria e primeiros-socorros em campo.
"A parte mais importante é o treinamento urbano, porque é o combate mais perigoso, nas cidades", disse Serhiy, que como os outros ucranianos não quis que seu nome completo fosse usado por questões de segurança.
"Os instrutores britânicos têm muita experiência, do Iraque, Afeganistão. Podemos adaptar todo esse conhecimento à situação ucraniana e usá-lo para libertar nosso país da invasão russa", afirmou Serhiy.
Mais de mil funcionários do Reino Unido estão envolvidos na missão de treinamento, que ocorre em quatro bases. Outros países também estão enviando treinadores, incluindo Canadá, Holanda, Nova Zelândia e países nórdicos.
A Grã-Bretanha está enviando os ucranianos para casa com novos uniformes, coletes, capacetes e outros equipamentos, parte de 2,3 bilhões de libras (R$ 14,3 bilhões) em ajuda militar do Reino Unido ao país, que também inclui mísseis antitanque e sofisticados sistemas de lançamento de foguetes.
Zakhar, o ex-engenheiro, disse que é difícil ficar longe da Ucrânia, já que os combates ocorrem na região leste de Donbass e no sul. "Deixei meus pais. Deixei meus irmãos e minhas irmãs, meus parentes, para adquirir conhecimento e experiência que me ajudarão a libertar nosso território de ocupantes e invasores", disse ele por meio de um intérprete.
Serhiy, o ex-funcionário de TI, está de uniforme há menos de um mês e está igualmente determinado. "Eu sei que os soldados ucranianos estão morrendo de vontade de proteger nossas casas agora. Então é difícil saber que não estou com eles", disse ele. "Mas o exército ucraniano precisa apenas de soldados profissionais, então estou pronto para treinar o máximo possível para estar pronto para a batalha à frente", completou.
* Com informações da Associated Press