Pesquisa experimental leva à remissão de câncer em todos os pacientes

Um estudo experimental do Centro de Câncer Memorial Sloan Kettering, nos Estados Unidos, está chamando atenção pelo resultado promissor. Dos 16 pacientes que participaram do ensaio clínico, todos apresentaram 100% de remissão de um tipo de câncer retal.

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Embora seja um estudo pequeno até agora, os resultados são tão impressionantes que foram publicados no The New England Journal of Medicine  e apresentados no maior encontro de oncologistas clínicos do país em junho de 2022.

Conduzido pelos médicos Dra.Andrea Cercek e Dr.Luis Diaz Jr., a pesquisa foi desencadeada por duas ideias-chave. A primeira foi utilizar o medicamento conhecido como inibidor de checkpoint -- o dostarlimab (Jemperli)  -- como primeira linha de tratamento. A medicação foi dada por via intravenosa  a cada três semanas durante seis meses. Ela desmascara as células cancerosas, permitindo que o sistema imunológico as identifique e aja de forma mais rápida para destruí-las.

Segundo o Dr.Diaz, uma outra pesquisa pioneira no tratamento do câncer com imunoterapia já havia mostrado que os inibidores de checkpoint poderiam "ajudar as pessoas com tumores retais de estágio 2 ou 3 que são MMRd -- o que torna o câncer particularmente sensível à imunoterapia -- que se espalharam", diz ele. "Pensamos: 'Vamos tentar antes que o câncer metastatize como primeira linha de tratamento'. "

A segunda premissa do ensaio clínico foi evitar a toxicidade frequentemente associada ao tratamento do câncer retal. A Dra. Cercek explica: "Nosso primeiro dever é salvar a vida do nosso paciente. Mas o tratamento padrão para câncer retal com cirurgia, radiação e quimioterapia pode ser particularmente difícil para as pessoas devido à localização do tumor". Ela continua: "Eles podem sofrer disfunção intestinal e da bexiga que altera a vida, incontinência, infertilidade, disfunção sexual e muito mais".

O câncer retal localmente avançado é tipicamente tratado com terapia multimodal, incluindo quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Essa abordagem resulta em uma resposta patológica completa em até um quarto dos pacientes, mas está associada a complicações acentuadas e efeitos tóxicos, incluindo disfunção intestinal, urinária e sexual; infertilidade; e qualidade de vida alterada em uma proporção substancial de pacientes. Em pacientes submetidos à cirurgia, a ressecção do reto altera a vida e muitas vezes exige uma colostomia de desvio permanente.

Resultados

Em todos os casos, o câncer retal desapareceu após a imunoterapia, sem a necessidade dos tratamentos padrão de radiação, cirurgia ou quimioterapia e o câncer não retornou em nenhum dos pacientes, que não tiveram câncer por até dois anos.

Os resultados surpreenderam até os Drs. Cercek e Diaz. "A imunoterapia encolheu os tumores muito mais rápido do que eu esperava", diz o Dr. Cercek. "Minha enfermeira de pesquisa Jenna Sinopoli me dizia: 'O paciente recebeu apenas um tratamento e já não está mais sangrando e sua dor terrível foi embora.' " Dr. Cercek lembra: "Os pacientes vieram ao meu consultório após apenas dois ou três tratamentos e disseram: 'Isso é incrível. Eu me sinto normal novamente".

Embora os resultados do estudo sejam promissores, especialmente considerando que diversos pacientes consecutivos tiveram uma resposta clínica completa, o estudo é pequeno e representa a experiência de uma única instituição. Novos ensaios, com um número maior de pacientes, devem ser conduzidos.