Biden sobre venda livre de armas nos EUA: "precisamos ser racionais"
O presidente norte-americano disse que não conversou recentemente sobre o tema com Republicanos
Patrícia Vasconcellos
Washington DC - O helicóptero Marine One pousou na área verde da Casa Branca no começo da manhã desta segunda-feira (30.mai). Joe Biden e a primeira-dama Jill vestiam negro. Era a volta de Delaware - cidade onde o democrata tem a casa da família - após visita, no domingo (29.mai), à cidade de Uvalde no Texas onde 21 pessoas morreram vítimas de um atirador que tinha 18 anos e carregava um fuzil AR-15.
Ao falar sobre os pais das crianças e das professoras da Robb Elementary School que morreram, Biden disse :"As pessoas que foram vítimas eram parte de uma família [...] A dor é visível. Vou continuar a pressionar e ver como isso funciona", afirmou.
Biden se refere aos Republicanos que defendem a venda livre de armas no país - algo garantido pela Constituição de 1787. A Segunda Emenda daquele texto afirma que todo cidadão tem direito de se defender.
Sobre esse direito e a constituição do país, o democrata disse aos jornalistas: "Quando eu pensei pela primeira vez sobre o acesso facilitado às armas eu era senador e o índice de mortes estava subindo. Não como hoje mas já estava subindo. E eu fui à um hospital de Nova York e eles (funcionários) estavam traumatizados. E eu perguntei por que tantas pessoas estavam morrendo. Isso há 20, 25 anos. Eu perguntei: por que eles estão morrendo? E eles me mostraram um raio X e disseram: uma bala calibre 22 se atinge o peito talvez consigamos tirar e com sorte salvar uma vida. Uma bala de 9 mm explode o pulmão para fora do corpo. Entã, essas armas de alto calibre não é algo racional para ser usado para auto proteção. A Segunda Emenda da Constituição nunca foi absoluta. Você não podia comprar uma 'Cannon' quando a Segunda Emenda foi criada. Você não podia sair e comprar várias armas potentes. Eu acho que as coisas estão indo tão mal que precisamos ser mais racionais", declarou.
Nos últimos dias, Senadores como Ted Cruz foram pressionados para que argumentassem por que cidadãos comuns ainda podem ter acesso à armas de uso militar e de longo alcance. Em Uvalde no Texas, o jornalista britânico da Sky news Mark Stone questionou o senador mais de uma vez por que tiroteios em massa ocorrem em grande número só nos Estados Unidos e não obteve resposta.
?? I asked @tedcruz ?Why only in America??? pic.twitter.com/7QklhxAl9t
? Mark Stone (@Stone_SkyNews) May 28, 2022
"Você acha que os republicanos vão tratar o assunto de forma diferente dadas as circunstâncias?" questionou uma jornalista norte-americana. "Como eu não conversei com eles eu não sei. Eu acho que sim, que eles vão ter que olhar para isso de forma intensa", disse Biden.
O democrata ainda afirmou que o que pode continuar fazendo é assinar ordens executivas como a de abril, que cria mais barreiras legais para a compra de peças das chamadas "armas fantasmas". As partes que podem ser compradas pela internet para posterior montagem do armamento deverão passar pelo mesmo critério legal para a venda de armas prontas. "Mas eu não posso sozinho mudar a lei para compra de armas" disse Biden. Para isso, é preciso que o Congresso aprove projetos de lei emperrados no Senado há anos.