Planeta ganhou 573 novos bilionários durante a pandemia, diz Oxfam
Ao mesmo tempo, 263 milhões de pessoas podem ser empurradas para a pobreza extrema este ano
Durante a pandemia, os lucros corporativos criaram um novo bilionário a cada 30 horas Ao mesmo tempo, a combinação entre a crise da covid-19, o crescimento da desigualdade e o aumento dos preços dos alimentos, pode fazer com que até 263 milhões de pessoas caiam na pobreza extrema este ano ( um milhão de pessoas a cada 33 horas), relevou a ONG Oxfam, em relatório divulgado neste domingo (22.mai).
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Entitulado "Lucrando com a dor", a pesquisa baseia seus números em classificações da revista Forbes e dados do Banco Mundial, e foi lançada no mesmo dia da abertura do Fórum Econômico Mundial, na Suíça. "Enquanto os bilionários se reúnem em Davos, na Suíça, presencialmente, pela primeira vez em mais de dois anos, eles têm muito a comemorar. Durante a pandemia da covid-19, suas montanhas de dinheiro cresceram como nunca, e vertiginosamente", criticou a Oxfam, que pontuou que, enquanto a crise do custo de vida somada à pandemia levaram ao maior aumento da extrema pobreza em mais de 20 anos, somente os 10 homens mais ricos do mundo têm mais riqueza do que a combinação de 40% da população mais pobre.
"O aumento das fortunas de um pequeno grupo de pessoas enquanto a maioria da população do mundo enfrenta o drama da fome, falta de acesso à saúde e à educação, falta de perspectiva de vida, é aviltante. Os valores humanos estão escorrendo pelo ralo dos privilégios e da concentração de renda, riqueza e poder", afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil. Os 2.668 bilionários do mundo hoje - 573 a mais que em 2020 -, têm uma fortuna que chega a US$ 12,7 trilhões, um aumento de US$ 3,78 trilhões em relação a março de 2020.
Como forma de reverter o crescimento da desigualdade, a ONG propõe criar impostos permanentes sobre a riqueza para regular a extrema riqueza e o poder dos monopólios, introduzir taxas sobre lucros extraordinários dos bilionários para financiar apoio às pessoas que enfrentam os altos custos de energia e alimentação pelo mundo, bem como uma recuperação justa e sustentável da pandemia.
De acordo com a Oxfam, um imposto anual sobre os milionários começando em apenas 2%, depois 5% para bilionários, poderia gerar US$ 2,52 trilhões por ano, o suficiente para tirar 2,3 bilhões da pobreza extrema, produzir vacinas suficientes para o mundo e oferecer serviços de saúde e proteção social para todos os habitantes de países de renda baixa e média.