Jujutsu Kaisen 0: A animação japonesa que conquistou o mundo
Sucesso de bilheteria no mundo e aguardado por fãs brasileiros, o filme estreia 5ª feira
Cleide Klock
A crítica internacional é só elogios, a bilheteria é de dar inveja até aos estúdios ocidentais cheios de superpoderes. A animação japonesa "Jujutsu Kaisen 0" se tornou um sucesso global e impulsionada pela popularidade do anime, já faturou mais de US$ 172 milhões, mais do que o equivalente a R$ 825 milhões. O filme estreou no Japão no final de 2021 e chega com atraso de pelo menos um mês no Brasil, mas finalmente está em cartaz nos cinemas a partir desta 5ª feira (28.abr).
O filme é aguardado por uma legião de fãs do mangá escrito e ilustrado por Gege Akutami. A série foi publicada em quatro capítulos pela revista Jump GIGA (Shueisha) de abril a julho de 2017 e lançada em volume único (tank?bon), em dezembro de 2018 (Editora Panini).
Em 2020, o mangá virou anime e Jujutsu Kaisen se tornou sucesso também no streaming. No Brasil, os 24 episódios da primeira temporada estão disponíveis na plataforma Crunchyroll. A segunda temporada está prevista para 2023.
Jujutsu Kaisen 0
O longa animado produzido pelo Studio MAPPA, além de ter o selo da TOHO Animation e distribuição da Crunchyroll/Sony é uma prequela da série de streaming e assim traz acontecimentos anteriores da história contada no mangá original. O filme foi dirigido por Sunghoo Park, que assinou a maioria dos episódios da série.
No centro do enredo está o protagonista, o jovem tímido e assustado Yuta Okkotsu, cheio de poderes que ainda não sabe controlar e ao mesmo tempo assombrado pelo espírito da amiga e amor de infância Rika Orimoto. Yuta precisa de ajuda e quem interfere é Satoru Gojou, um de seus professores, que está disposto a ensiná-lo a exorcizar maldições, na Escola Técnica Superior de Jujutsu.
No Brasil é possível assistir à versão em japonês com legendas, mas também em português, dublada por um elenco experiente quando o assunto é anime.
O elenco brasileiro conta com as participações de Pedro Alcântara como a voz de Yuta Okkotsu, Carol Iecker (Rika Orimoto), Léo Rabelo (Satoru Gojo), Natali Pazete (Maki Zen?in), Erick Bougleux (Toge Inumaki) e Eduardo Borgerth (Panda). A direção do elenco brasileiro foi assinada pelo diretor Leonardo Santhos.
"Quando eu fui dublar a Rika, foi muito engraçado, porque no início eu achava que ela seria apenas aquela menina boazinha, apaixonada pelo Yuta. Eu não imaginava que ela iria virar aquele monstro, espírito vingativo tão ciumento" conta a dubladora Carolina Iecker, que faz a voz de Rika Orimoto. Ela adianta que a menina morreu ainda quando criança em um acidente de trânsito e a partir daí passou a assombrar e atormentar a vida do amigo Yuta Okkotsu, por ser apaixonada por ele.
"Quando meu diretor, Leonardo Santhos contou mais sobre ela eu comecei a criar a personagem, peguei inspiração de algumas séries, eu particularmente não sou ciumenta, mas tenho amigas que são e me inspirei em uma amiga em particular, que é super ciumenta", revela a atriz.
Já Pedro Alcântara, dublador do protagonista, nos fala um pouco sobre a personalidade de Yuta. "Ele é um rapaz muito gentil, educado, que só quer o bem de todo mundo, só que ele carrega essa maldição com ele, uma coisa meio sinistra. Ele carrega uma questão a ser resolvida e nessa trama ele vai aprender um pouco mais sobre ele e sobre o mundo", diz o dublador.
Pedro comenta que essa também pode ser uma possibilidade para quem não conhece nada de anime saber um pouco sobre essa arte japonesa de contar histórias. "O pessoal pode esperar uma aventura um pouco diferente do anime, já que o Yuta tem uma personalidade diferente da do Yuji, protagonista da série, mas tem uns rostos que o pessoal vai reconhecer no filme. Mas, acho que pode ser uma experiência divertida para quem é fã do anime levar alguém que não conhece. Como é uma história que se passa antes do anime, não é necessário conhecimento prévio. E isso pode trazer reações diferentes", comenta o ator.
Confira a entrevista na íntegra com os dubladores Carol Iecker (Rika Orimoto) e Pedro Alcântara (Yuta Okkotsu):
A magia do anime
O anime faz parte da cultura japonesa desde os primórdios da história da imagem em movimento. Nas décadas de 1980 e 90, houve um grande aumento na quantidade de produções e também na exportação dessas obras para o ocidente. Mas, o sucesso atingiu um novo nível de popularidade em todo o mundo nos últimos anos.
Boa parte dos mangás (histórias em quadrinhos) acabaram tendo versão em anime, como "One Piece", "Naruto", "Pokémon", "Fairy Tail'', "High School Of Dead", além de várias outras.
O anime é conhecido por seu estilo próprio, cheio de cores fortes, características faciais pronunciadas, olhos expressivos e histórias bem particulares. Nos últimos anos, a tecnologia ajudou na elaboração e no acabamento perfeitos, cheio de sombras e efeitos que dão um efeito 3D incrível às sequências.
"Jujutso Kaise 0" traz no enredo uma história forte que transita entre gêneros. Traz ação, sobrenatural, emoção, medo e até momentos de humor. Fala de temas relacionados aos amores e amizades de infância, inocência, se aprofunda ao falar de morte e maldições, ao mesmo tempo que leva o espectador à uma imersão à cultura japonesa.
Em 105 minutos de filme, Sunghoo Park garante sequências de tirar o fôlego, com muitas cenas bem violentas.
A popularidade
O filme "Jujutsu Kaisen 0" arrecadou só no Japão 13,5 bilhões de ienes (cerca de R$ 526 milhões) desde que estreou em 24 de dezembro. Já se tornou, no Japão, o 15º filme de maior bilheteria de todos os tempos, ultrapassando "Frozen 2". No momento está empatado em ganhos com "E.T.", "Armageddon" e "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban".
No mundo, por exemplo, a bilheteria de "Jujutsu Kaisen 0", com seu faturamento de US$ 172 milhões, está à frente de "Morbius" (Sony/Marvel), que até agora rendeu em bilheteria US$ 156 milhões.
"Jujutsu Kaisen 0" vem após o sucesso de "Demon Slayer", que se tornou o filme de anime de maior bilheteria em todo o mundo, faturando US$ 503 milhões, mesmo sendo lançado durante a pandemia.