Guerra na Ucrânia pode influenciar eleições presidenciais da França
Emmanuel Macron e Marine Le Pen possuem visões opostas sobre o conflito e a permanência do país na Otan
SBT Brasil
É Primavera, e Paris explode em cores e em gente. Mas, apesar de toda exuberância da 'Cidade Luz' nesta época do ano, nem tudo são flores na França... ainda mais com a reta final da corrida eleitoral à presidência cada vez mais acirrada e, principalmente, polarizada.
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As campanhas dos candidatos Emmanuel Macron, atual presidente francês, e de sua opositora de direita, Marine Le Pen, seguem a todo vapor e a escalada da tensão na Europa, em decorrência da guerra na Ucrânia, promete a pautar mais uma vez, neste segundo turno, alguns dos embates entre os dois concorrentes, apesar de ambos buscarem centrar o debate nas questões internas do país.
No Norte da França, nesta 3ª feira (12.abr), Macron ouviu duras reclamações de trabalhadores da saúde, que pediram por melhorias nos salários e nas condições de trabalho, além de investimentos em hospitais e redução do custo de vida. O presidente francês, que pretendia aumentar a idade para aposentadoria dos trabalhadores de 62 para 75 anos, admitiu até rever a medida.
Le Pen também decidiu deixar de lado, por hora, suas pautas anti-imigrantes e anti-União para se concentrar nos problemas domésticos, mas, não conseguiu se esquivar das perguntas a respeito de sua proximidade com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
No início da guerra na Ucrânia, Emmanuel Macron obteve um bom crescimento nas pesquisas de intenção de voto depois de confrontar sua adversária em temas referentes ao conflito e à amizade dela com Putin. No fim do primeiro turno, porém, a pauta já não surtiu tanto efeito sobre o eleitorado. Mesmo assim, duas pesquisas, divulgadas nesta 3ª feira, mostram uma vantagem de Macron sobre Le Pen.
O ponto é que, embora os franceses tenham seus próprios problemas para discutir nessa eleição, o que se passa a menos de 2 mil quilômetros do país pode voltar a ser um dos principais tópicos do debate eleitoral. Assim, quanto mais a situação se agrava no leste europeu, mais a guerra entra na pauta da França, e mais Macron e Le Pen vão apontar o dedo um para o outro.
A principal divergência entre os candidatos tem girado em torno da permanência da França na Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan. Enquanto Marine Le Pen propõe a retirada do país da aliança militar que tanto incomoda o Governo russo, Emmanuel Macron pretende reforçar os laços entre os países aliados e aumentar a proteção da Europa.
Putin diz que invasão à Ucrânia era "inevitável"
Em visita a uma base de lançamento de foguetes, nesta 3ª feira, acompanhado de seu aliado Alexander Lukashenko, presidente de Belarus, Vladimir Putin alertou que, mesmo com as sanções impostas por outras nações, a Rússia não ficará isolada, e defendeu que invasão da Ucrânia era "inevitável".
O chefe de Estado russo também admitiu que seu exército poderia ser "mais rápido" em sua ofensiva militar, mas que isso implicaria em ainda mais perdas.
A Rússia pretende agora expandir a incursão para o leste e sul da Ucrânia. Para isso, deve remanejar parte das tropas retiradas das redondezas da capital Kiev.
Depois da última ofensiva, Moscou garante ter tomado o controle de Mariupol, importante cidade portuária do Mar de Azov que tem sido o principal alvo das forças russas. Autoridades ucranianas não confirmam, mas, se a região de fato tiver sido tomada, será um importante passo para o avanço dos invasores na região do Donbass.
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