Bandeira do Brasil é oficializada no Conselho de Segurança da ONU
Representante permanente do país falou ao SBT sobre as prioridades para o mandato de dois anos
Patrícia Vasconcellos
Nova York -- O representante permanente do Cazaquistão deu as boas vindas oficiais aos cinco países eleitos. Na cerimônia de posse, as bandeiras do Brasil, Albânia, Gabão, Gana e Emirados Árabes Unidos se juntaram às dos outros membros rotativos do Conselho de Segurança das Nações Unidas e dos cinco países permanentes: Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia. O grupo da ONU tem como missão evitar conflitos entre países e poder para ordenar operações militares internacionais e criar missões de paz. Nesta 3ª feira (4.jan), o Brasil assumiu o 11º mandato como integrante rotativo. Posto que irá ocupar por dois anos. "Apesar dos quase 17 mil quilômetros de fronteiras, o Brasil tem vivido em paz com nações vizinhas por mais de 100 anos", disse no discurso de posse o embaixador brasileiro Ronaldo Costa Filho.
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O representante permanente do Brasil na ONU conversou com o SBT logo após a cerimônia. "O Brasil tem uma tradição sólida e longa no Conselho de Segurança priorizando -- e este continuará a ser nosso foco -- a manutenção eficiente da paz", disse Costa Filho, afirmando que o Brasil colabora intensamente ao longo dos mais de 70 anos das Nações Unidas com mais de 50 mil militares e policiais em mais de 50 operações ao redor do mundo. "O Brasil continuará empenhado para que este trabalho se faça de maneira eficiente e pragmática para garantir que o Conselho possa cumprir o seu mandato e os seus objetivos", disse o embaixador.
Costa Filho destacou dois temas relacionados à América Latina que devem ter atenção neste período: "Há dois temas em aberto no Conselho na região, que são o Haiti e a Colômbia em situações bastante diferentes. O Haiti, um país que passa por dificuldade enorme de grandezas políticas, sociais e econômicas, na qual o Brasil chefiou o a missão de paz chamada Minustah por 13 anos. A situação continua crítica, não há hoje mais uma operação de paz, há uma missão política especial que se chama que busca ajudar o governo haitiano na solução destes problemas. O segundo tema é a Colômbia. Aí sim, pode ser caracterizada uma história de sucesso. A Colômbia passa por um processo de paz negociado internamente entre governo e rebeldes que vem sendo implementado e a ONU está na Colômbia para dar suporte a este processo de paz que é essencialmente um processo interno de reconciliação nacional o qual a ONU dá o seu apoio e o Brasil continuará evidentemente atento ao caminhar deste processo".
O representante permanente do Brasil nas Nações Unidas ainda falou sobre a necessidade de aumentar a participação feminina nas missões de paz e lembrou que o Brasil junto a outros países defende há décadas uma reforma no Conselho de Segurança. "No nosso entendimento, um conselho para que tenha legitimidade e eficácia, tem que representar o conjunto dos membros da ONU, e hoje sobretudo duas regiões se veem carentes na posição de membros permanentes que seriam a África e a América Latina e Caribe, duas regiões que não têm representantes permanentes no Conselho. Nosso entendimento é que apenas com uma reforma que contemple o acréscimo não apenas de membros permanentes mas de membros não permanentes daria ao conselho maior representatividade e por consequência maior legitimidade e eficácia. O Brasil defende uma vaga permanente. É bom ter presente que o Conselho de Segurança não é o sítio para esta negociação. Esta negociação é um tema de interesse de toda a coletividade das Nações Unidas então é negociada na Assembléia Geral" pontuou o embaixador.
"Para o Brasil é importante continuar a demonstrar que estamos prontos e capacitados a contribuir para a manutenção da paz e da segurança internacional. Por uma feliz coincidência, este primeiro ano do nosso 11º mandato coincide com os 200 anos da independência brasileira", disse Ronaldo Costa Filho.
Assista à íntegra da entrevista: