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Entenda os motivos que levam à crescente tensão entre Rússia e Ucrânia

Países voltaram a ser destaque após deslocamento de tropas russas para a fronteira ucraniana

Entenda os motivos que levam à crescente tensão entre Rússia e Ucrânia
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Rússia e Ucrânia nunca tiveram relações amistosas. Apesar da cultura e povos de mesmas origens, a tensão entre ambos os países voltou a ser destaque em novembro deste ano com o deslocamento de tropas do exército russo para a fronteira ucraniana. Ao SBT News, especialistas comentaram o cenário, pontuando quais são as chances reais de um ataque na região e as consequências para a geopolítica internacional.

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A aproximação ucraniana ao Ocidente, sobretudo à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar criada após o fim da Segunda Guerra Mundial com o objetivo de atuar contra o expansionismo da União Soviética, vem desagradando o atual presidente da Rússia, Vladimir Putin, que a encara como uma ameaça. "A Rússia se sente ameaçada com o avanço da Otan, que está chegando cada vez mais próxima das fronteiras russas. Ao mesmo tempo, ela tenta recuperar o papel de protagonista internacional com a área que entende ser a de sua influência, que é a das antigas repúblicas soviéticas [Ucrânia, Belarus, Estônia, entre outras]", explicou César Albuquerque, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP). Fatores econômicos, como a presença da "terra negra", ideal para a agricultura, petróleo e gás natural, principais produtos exportados pelos russos, também despertaram o interesse do Kremlin em relação ao território. 

No início de novembro, tropas militares russas foram deslocadas para a fronteira entre os dois países. A ameaça de um suposto ataque previa que a invasão estaria programada para o fim de janeiro ou início de fevereiro de 2022. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chegou a declarar que a Rússia estaria arquitetando um golpe de Estado para tirá-lo do poder. Apesar da ameaça, disse que a Ucrânia teria condições de se defender dos ataques. 

A fala, no entanto, foi questionada pelos especialistas ouvidos pelo SBT News, que ressaltaram a reformulação do exército russo. "A Rússia controla todo o antigo arsenal da União Soviética. Além disso, nos últimos anos, o governo Putin tem investido no setor militar e desenvolvimento de novas tecnologias", afirmou Albuquerque. 

"Se a Rússia atacar a Ucrânia de uma maneira convencional, com grandes contingentes de tropas e bombardeios, os ucranianos dificilmente seriam capazes de se defender. Eles precisariam de apoio da Otan, da União Europeia e dos Estados Unidos", complementou Maurício Santoro, especialista em Relações Internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Ele acrescenta: "A invasão seria um golpe duro contra a União Europeia, que tem como um de seus pilares a preservação da paz. Poderia gerar, por exemplo, uma crise de refugiados que bateria com força na porta da Europa".

Os Estados Unidos estimam que 175 mil soldados russos foram escalados para o conflito. Na 2ª feira (6.dez), o presidente americano, Joe Biden, reuniu-se com líderes europeus para discutir a atual situação. Nesta 3ª (7.dez), é a vez de Biden conversar com Putin em busca de um acordo que diminua a tensão. "O deslocamento das tropas e a ameaça de invasão é uma forma da Rússia chamar o Ocidente para negociar. Não significa necessariamente que vai invadir", afirmou Pericles Tesone, mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Os EUA já adiantaram que, caso a invasão se concretize, estão prontos para aplicar novas sanções aos russos. Tais sanções estariam ligadas, especialmente, ao âmbito econômico. 

O governo da Rússia nega os ataques ao mesmo tempo que defende publicamente a não aderência da Ucrânia à Otan. Além dos Estados Unidos, a Organização conta com a presença de 27 membros --- entre eles, Alemanha, Reino Unido, Holanda e Canadá. Para os especialistas, as chances reais de um ataque à Ucrânia são baixas, de modo que tensões poderiam ser amenizadas por meio de acordos encabeçados por Rússia e Estados Unidos, que tenham como foco a não entrada dos ucranianos na Organização do Tratado do Atlântico Norte.

"Se houver reuniões entre Biden e Putin, pode-se chegar a alguma maneira de acomodar a situação sem ferir a autonomia e soberania ucraniana, satisfazendo os desejos do presidente russo. Os Estados Unidos não têm interesse, no atual momento, em um conflito armado. A prioridade dos americanos é a China", pontuou Thomas Heye, professor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF). 

O cenário em torno da suposta invasão relembra 2014, quando a região da Crimeia, anexada ao território ucraniano, foi invadida e incorporada pelos russos. A península, localizada em torno do Mar Negro, era considerada estratégica do ponto de vista militar pela presença de bases navais. A questão étnica também propiciou o ataque, em uma região cuja população é, do ponto de vista cultural, ligada à Rússia. "Se voltarmos para a Idade Média, a cultura russa surgiu na Ucrânia, em cidades-Estados ao redor da capital, Kiev. Essas cidades foram destruídas, ao passo que continuaram a florescer no que, hoje, é o território da Rússia. É uma ligação forte, na qual os russos estavam em uma posição de dominação. Com o colapso da União Soviética, em 1991, não aceitaram de bom grado a separação da Ucrânia", explicou Santoro.
 

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