Jornal alerta para crianças portuguesas que só falam "brasileiro"
Publicação cita influência de youtubers brasileiros, como Luccas Neto: "estás a trolar comigo"
Principal jornal de Portugal, o Diário de Notícias chamou atenção dos brasileiros na 5ªfeira (11.nov) após publicar uma matéria onde alerta para o fato de que há crianças portuguesas que só falam "brasileiro". "Dizem grama em vez de relva, autocarro é ônibus, rebuçado é bala, riscas são listras e leite está na geladeira em vez de no frigorífico", cita a reportagem que destaca a influência de youtubers brasileiros, como Luccas Neto, em "pequenos" de 3 a 6 anos de idade.
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A pandemia e consequentemente o tempo maior de exposição às telas é um dos motivos para o fenômeno peculiar, de acordo com o Diário de Notícias. Com 38 milhões de inscritos em seu canal, Luccas Neto é o principal, mas não o único, brasileiro com conteúdo direcionado ao público infantil. Um dos depoimentos compartilhados na reportagem mostra a preocupação de alguns pais em torno da questão.
"Todo o discurso dele é como se fosse brasileiro. Chegamos ao ponto de nos perguntarem se algum de nós era brasileiro, eu ou o pai", contou ao DN a mãe, Alexandra Patriarca.
A criança, de acordo com a entrevistada, já frequenta terapia da fala. "Neste momento estamos num processo de tratamento como se fosse um vício. Explicamos-lhe tudo que ele não podia ver porque isto só o prejudica", complementa.
O jornal também conversou com educadores do país. Uma professora de Tomar, distrito de Santarém, comentou que a situação se agravou depois do primeiro confinamento causado pela pandemia de Covid-19, e conta que já teve um aluno cujo o discurso era todo em português do Brasil, apesar de não ter nenhum familiar brasileiro. "É tudo aquilo que absorve na net", disse Ana Sofia Alcobia ao Diário de Notícias.
Ela afirma que a maioria das crianças usam expressão soltas, como "estás a trolar comigo", mas que já trata o assunto com seriedade, "os meninos estão viciados, tal qual como os adolescentes estão com os jogos"
A reportagem virou motivo de gozação entre os usuários brasileiros. Alguns classificaram como "reparação histórica", em referência ao processo de colonização do Brasil por Portugal.