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Trabalho infantil no mundo tem alta pela primeira vez em 20 anos

Crianças de 5 a 11 anos representam pouco mais da metade do número global

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Esse número ainda pode ter um aumento de 8,9 milhões de crianças e adolescentes até o final de 2022 | Divulgação/Ministério do Trabalho
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Na manhã desta 5ª feira (10.jun), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), juntamente com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgou o relatório que apresenta uma alta no trabalho infantil pela primeira vez em 20 anos. Segundo os dados, são registrados 160 milhões de trabalhadores com menos de 18 anos no mundo, um crescimento de 8,4 milhões nos últimos quatro anos - de 2016 a 2020.

O documento, intitulado "Trabalho Infantil: estimativas globais de 2020, tendências e o caminho a seguir", destaca que houve um aumento significativo no número de crianças de 5 a 11 anos em situação de trabalho infantil, que agora respondem por pouco mais da metade do número global total. Além disso, o número de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos em trabalhos perigosos, atividades laborais que podem prejudicar a sua saúde, segurança física ou desenvolvimento cognitivo, chegou a 79 milhões, um aumento de 6,5 milhões de 2016 a 2020.

Segundo o texto, os "choques econômicos adicionais e fechamentos de escolas causados pela covid-19 significam que as crianças e os adolescentes que já estão em situação de trabalho infantil podem estar trabalhando mais horas ou em piores condições, enquanto muitos mais podem ser forçados às piores formas de trabalho infantil devido à perda de emprego e renda entre famílias vulneráveis".

A publicação também indica que 70% dos casos de trabalho infantil, o equivalente a 112 milhões de crianças, ocorrem no setor agrícola, 20%, o correspondente a 31,4 milhões de menores, nos serviços, e 10%, 16,5 milhões de crianças, na indústria. Já nas áreas rurais, o trabalho infantil chega a 14%, quase três vezes superior quando comparado com as áreas urbanas (5%).

As informações divulgadas pelas duas instituições baseiam-se em dados de 106 pesquisas que cobrem mais de 70% da população mundial de crianças entre 5 e 17 anos.
 
Alerta para 2022

O relatório adverta que, globalmente, 8,9 milhões de crianças e adolescentes adicionais correm o risco de ser empurrados para o trabalho infantil até o final de 2022 como resultado da pandemia. Esse número ainda pode aumentar para 46 milhões, caso as crianças não tenham acesso a medidas de proteção social essenciais.

A diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, defendeu a importância de se investir em programas que desestimulem o trabalho infantil, num momento em que o fechamento de escolas, as crises econômicas e os ajustes nos orçamentos nacionais podem forçar as famílias "a tomar decisões muito drásticas".

"Apelamos aos governos e os bancos internacionais de desenvolvimento para que priorizem os investimentos em programas que permitam que as crianças saiam do mercado de trabalho e regressem à escola, além de apostarem em programas de proteção social que evitem que as famílias tenham de recorrer ao trabalho infantil", ressaltou.

Além do aumento dos gastos com educação e a facilitação do regresso das crianças à escola, a OIT e o Unicef defendem, no próprio documento, a promoção do trabalho digno para adultos, de modo que as famílias não tenham que recorrer à ajuda dos filhos para gerar rendimento em casa.
 

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