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STJ absolve homem condenado injustamente após 12 anos de prisão por estupro de 12 mulheres

Vítima recebeu condenação pelos casos que, somados, chegavam a 170 anos de prisão; Projeto coletou provas por dez anos

STJ absolve homem condenado injustamente após 12 anos de prisão por estupro de 12 mulheres
Homem ficou preso por 12 anos na Penitenciária de Itaí | Divulgação/Polícia Civil
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Um homem foi solto da prisão, na quinta-feira (16), após ficar mais de 12 anos preso injustamente por 12 condenações por estupro no Tribunal de Justiça de São Paulo. A decisão foi do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Juntas, essas condenações somavam mais de 170 anos de cadeia.

A vítima, que só teve as iniciais C.E.S reveladas, estava presa na Penitenciária de Itaí, no interior de São Paulo.

O homem já havia conseguido que duas acusações contra ele fossem revertidas antes da chegada do grupo Innocence Project Brasil, uma organização dedicada a reverter erros judiciários.

Durante uma década de trabalho, a Innocence Project conseguiu juntar provas que mostrassem que C.E.S era inocente também nas outras condenações.

A ação contou com o apoio do Ministério Público, que pediu para comparar exames de DNA de sêmens encontrados nas vítimas de estupro, coletados quando elas foram atendidas em unidades hospitalares, com o material genético do homem que estava preso.

O resultado da análise descartou C.E.S como autor dos crimes.

Decisão

Nesta terça-feira (14), a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade, absolveu a vítima das condenações que restavam e pediu desculpas pelo tempo detido. O SBT News teve acesso à audiência que absolveu C.E.S.

“É o mínimo que o Poder Judiciário pode fazer, além de absolvê-lo com o voto magnífico do Ministro Reynaldo, fazer um pedido de desculpas e um agradecimento ao Innocence Project”, disse a ministra Daniela Teixeira durante julgamento do Habeas Corpus.

O SBT News pediu um posicionamento para o Superior Tribunal de Justiça, para o Tribunal de Justiça (TJ) e para a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).

O STJ afirmou que o caso corre em segredo de Justiça e, por isso, não poderia comentar sobre.

A SSP-SP informou que, em caso de alguma irregularidade na investigação, tomará as medidas cabíveis.

"A Polícia Civil está ciente da decisão judicial e analisa todos os fatos. Constatada qualquer irregularidade na investigação que resultou no indiciamento do homem mencionado pela reportagem, as medidas cabíveis serão tomadas, inclusive com abertura de procedimento apuratório junto à Corregedoria. A Instituição destaca que exerce suas atividades dentro da lei, de forma rigorosa, imparcial, e preza por apurações minuciosas", disse, em nota.

Não houve resposta do TJ. O espaço segue aberto.

Outros casos resolvidos pelo projeto

Sílvio José da Silva Marques abraçando sua família após sair da prisão | Divulgação/ Innocence Brasil
Sílvio José da Silva Marques abraçando sua família após sair da prisão | Divulgação/ Innocence Brasil

Sílvio foi condenado a 17 anos de prisão por uma tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte) ocorrida em novembro de 2015, na cidade do Rio de Janeiro.

A condenação se baseou exclusivamente na prova de reconhecimento, feita de forma ilegal e contrariada por provas de inocência. Depois de produzir novas provas de que Sílvio não estava na cena do crime, o Projeto conseguiu inocentá-lo em dezembro de 2021, por decisão do Superior Tribunal de Justiça.

Sílvio permaneceu quase 6 anos preso por um crime que não cometeu.

Cleber Michel Alves e filho João Victor_JPG.webp
Cleber Michel Alves e filho João Victor_JPG.webp

Cleber foi condenado a 10 anos de prisão pelo estupro de uma adolescente que teria acontecido em setembro de 2016, na cidade de Cerquilho (SP).

Em março de 2020, por iniciativa do Projeto, a suposta vítima se retratou e revelou que o crime jamais ocorreu. Após três anos e meio de prisão, Cleber foi solto e pôde enfim conhecer seu filho, nascido poucas semanas depois de sua prisão.

Em agosto de 2021, o Tribunal de Justiça de São Paulo absolveu Cleber por unanimidade.

Igor Barcelos Ortega concedendo primeira entrevista após sair da prisão | Divulgação/Inoccence Brasil
Igor Barcelos Ortega concedendo primeira entrevista após sair da prisão | Divulgação/Inoccence Brasil

Igor foi condenado a 15 anos e 6 meses de prisão, como coautor de um roubo e uma tentativa de latrocínio, cometidos na cidade de Guarulhos, em outubro de 2016.

Contra todas as evidências dos autos, Igor foi condenado depois que uma das duas vítimas o reconheceu por foto e confirmou esse reconhecimento em audiência.

Ele permaneceu preso por quase 3 anos até ser solto pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo em julho de 2019, durante o julgamento de Revisão Criminal proposta pelo Innocence Project Brasil.

Em julho de 2021, o Tribunal reconheceu a sua inocência.

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