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PGR pede para Supremo Tribunal Federal declarar "emenda Pix" inconstitucional

Segundo procurador-geral da República, sistema usado por congressistas gera perda de transparência e de rastreabilidade de recursos federais

PGR pede para Supremo Tribunal Federal declarar "emenda Pix" inconstitucional
Emendas parlamentares são um instrumento por meio do qual os membros do Legislativo podem influenciar na definição de como o dinheiro público será gasto | Pedro França/Agência Senado
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O procurador-geral da República, Paulo Gonet, protocolou nesta terça-feira (6) uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra as emendas parlamentares individuais de transferência especial — as chamadas "emendas Pix". Gonet pede que a Corte declare que elas são inconstitucionais.

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Emendas parlamentares são um instrumento por meio do qual os membros do Legislativo podem influenciar na definição de como o dinheiro público será gasto. Por meio delas, os congressistas podem financiar diretamente uma obra ou projeto em suas bases eleitorais, por exemplo.

Nas emendas Pix, criadas em 2019, o estado ou município recebe o dinheiro do Orçamento da União indicado por um deputado federal/senador e decide por conta própria no que investir, sem precisar informar o governo federal sobre o destino do montante. É chamada de emenda Pix por ser uma transferência simplificada. Pela forma como funciona, porém, é menos transparente.

Na ação, Paulo Gonet ressalta que o sistema gera perda de transparência, de publicidade e de rastreabilidade dos recursos orçamentários federais, e ofende diversos princípios constitucionais, como o pacto federativo, a separação dos Poderes e os limites que a Constituição estabeleceu para a reforma ou mudança do seu texto.

A ação traz ainda um pedido cautelar para que o STF suspenda imediatamente os dispositivos da Carta Magna que permitem as emendas Pix.

Argumentos

Gonet pontua que o orçamento público "configura instrumento de atuação transparente e responsável, que possibilita ao Poder Público executar as despesas e os investimentos de forma eficiente e planejada".

De acordo com o procurador-geral da República, a propositura, aprovação e execução das emendas parlamentares "devem estar compassadas pelos parâmetros inspiradores dos deveres de transparência com máxima publicidade de informações".

Também segundo Gonet, ao permitirem o repasse direto e obrigatório de recursos federais a estados e municípios, sem celebração de convênio para fiscalização da utilização dos valores ou indicação exata da destinação deles, as emendas Pix ferem a lógica que a Constituição estabelece para a elaboração e execução do Orçamento.

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A ação cita um relatório elaboração pela Associação Contas Abertas, Transparência Brasil e Transparência Internacional, segundo o qual houve um aumento expressivo dos valores destinados para as emendas Pix.

Em 2022, o Orçamento destinou R$ 3,32 bilhões para essas emendas. Em 2023, o montante subiu para R$ 6,75 bilhões. O relatório aponta um terço de todas as emendas parlamentares individuais do ano passado são de transferência especial. Em 2023 ainda, 80% das transferências especiais não dizem o estado ou município beneficiário.

Gonet pontua que as emendas Pix afrontam "a competência fiscalizatória do Tribunal de Contas da União relativamente à aplicação de recursos repassados pela União e o dever estatal de disponibilizar informações e dados contábeis, orçamentários e fiscais em meio eletrônico de amplo acesso público". Ainda não há decisão do STF sobre o processo, que deverá ter como relator o ministro Flávio Dino.

Outra ação

Na semana passada, em outra ação (esta protocolada pela Abraji), Dino determinou que as emendas Pix só podem ser usadas por senadores e deputados federais se os parlamentares identificarem onde e como o dinheiro será aplicado.

Segundo o ministro, o Poder Executivo somente poderá liberar esse tipo de recurso aos destinatários após os parlamentares inserirem na plataforma transferegov.br as informações referentes às transferências.

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