Justiça condena hotel a pagar indenização a hóspede negro
Hóspede foi vítima de discriminação racial por parte dos funcionários do local
A Justiça do Rio Grande do Sul condenou o Hotel Travel Inn Axten, em Caxias do Sul, a indenizar por danos morais um homem negro, após a vítima ter sofrido discriminação racial por parte dos funcionários do local.
O caso aconteceu em outubro 2021. Na época, a vítima, Neferson Santos Martins, relatou que os funcionários arrumaram a mala dele e colocaram os pertences em um saco e deixaram na recepção.
"Eles entraram, mexeram nas minhas coisas pessoais, coisas que eu nem sei o que é isso aqui ó, eu nem sei o que é isso aqui ó", contou.
O hotel alegou que o representante comercial foi expulso do local porque descumpria regras e se negava a usar máscara, o que na época era obrigatório.
A sentença foi em primeira instância. Na decisão, o juiz Silvio Viezzer afirmou que nada justifica a atitude dos funcionários em ingressarem no quarto de Neferson e mexerem nos pertences pessoais dele. O magistrado disse que foi o preconceito que levou a equipe do hotel à violação da privacidade do representante comercial.
Neferson disse que justiça foi feita. "Apesar das dores, que eu acho que isso é muito mais forte, mas me dá um pouco mais de alívio em saber que a justiça foi feita e era o que eu mais queria mesmo poder mostrar isso e pra que isso não não venha se repetir, né?"
Em nota, a Rede Travel Inn informou que, "embora a decisão judicial de primeira instância tenha determinado uma indenização ao hóspede, é importante observar que o processo criminal foi arquivado por falta de provas".
Felipe Alves, advogado da vítima, contesta: "Eles não foram absolvidos de processo criminal, o arquivamento do inquérito se deu em relação aos funcionários e eles continuam adotando uma conduta de tentar minimizar de tentar passar ideia para as pessoas leigas de que a responsabilidade civil, de que a condenação civil é inferior e que eles não cometeram nada, né?".
Em nota, o Ministério Público do estado informou que o processo criminal foi arquivado porque a autoridade policial não conseguiu confirmar as alegações de Neferson de que houve crime de racismo.