Indiciado e preso, Mauro Cid é investigado em 7 frentes pela PF
Polícia Federal já indiciou aliado de Bolsonaro em 2022 pelas lives com fake news
No dia 3 de maio a Polícia Federal, a mando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez buscas nas casas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília e no Rio de Janeiro. A Operação Venire prendeu naquele dia cinco pessoas ligadas ao clã Bolsonaro, direta e indiretamente. Entre eles, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid.
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Oficial do Exército e filho do general Mauro Cesar Lourena Cid - amigo de Bolsonaro -, ele foi apontado como o principal operador de uma fraude que está sob investigação na emissão de certificados falsos de vacinação contra a covid-19, para viagens ao exterior, em 2021 e 2022.
O esquema, além de beneficiar Mauri Cid e família, teria também sido utilizado por Bolsonaro e sua filha mais nova, Laura. Ambos tiveram falsos comprovantes de vacinação inseridos no sistema do Ministério da Saúde, para emissão de comprovantes ideologicamente falsos de regularidade vacinal na pandemia.
Preso
Preso desde então em uma prisão especial para militares, em Brasília, Mauro Cid já foi ouvido pela PF em pelo menos três frentes de apuração nos últimos dias. Ex-ajudante de ordem de Bolsonaro no Planalto e aliado de confiança, as apurações contra Mauro Cid vão além do caso das falsas vacinações são só parte das mais recentes investidas dos investigadores contra o braço direito de Bolsonaro.
A Operação Venire apura um esquema de fraudes continuadas nos registros de falsas vacinações contra a covid-19, que eram inseridos no sistema DataSUS, para constar regularidade nas vacinações e, posterior, emissão dos comprovantes no sistema para uso em viagens internacionais e para entrar em lugares que exigiam o atestado.
O esquema tinha a prefeitura de Duque de Caxias (RJ), na Baixada Fluminense, como central das fraudes. A cidade é dominada por aliados do clã Bolsonaro, ligados ao ex-prefeito e atual secretário de Transportes do Estado, Washington Reis (MDB).
Indiciado
Mauro Cid já foi indiciado em um dos inquéritos em que é alvo ao lado de Bolsonaro, abertos pela PF em 2021, no pacote de investigações sob relatoria de Moraes no STF de fake news, gabinete do ódio, atos antidemocráticos e invasões golpistas.
O primeiro deles, por ter produzido e ajudado a divulgar fake news sobre as urnas eletrônicas, com base em um estudo não comprovado e dados de um inquérito sigiloso da PF.
Nessa apuração, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres não foi indiciado, mas também figura entre os alvos. Ele teria convocado dois peritos federais criminais, via diretoria-geral da PF, para irem até o Planalto para analisar os dados que seria apresentados na live, de forma suspeita.
Multi investigado
Contra Mauro Cid há pelo menos sete frentes de apuração da PF, abertas desde 2021. As mais adiantadas e com elementos levantados de envolvimento em supostos crimes - segundo a avaliação policial -, envolvem as lives presidenciais, feitas pelo ex-presidente nas redes sociais da internet, durante o mandato.
Mauro Cid era como um "produtor" dos programas transmitidos ao vivo por Bolsonaro, nas quintas-feiras. Nelas, o ex-presidente falava das ações do governo, dos aliados e ataca a oposição e instituições, como o TSE, o STF e as urnas eletrônicas.
Mauro Cid na mira
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Mauro Cid é investigado por possível incitação ao crime depois de participar de uma live com Bolsonaro, em que o então presidente associou a vacina contra a covid-19 à aids. Ele foi indiciado pela Polícia Federal em novembro de 2022 nesse caso. A PGR recomendou o arquivamento do inquérito
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Cid já foi indiciado pela Polícia Federal por fake news sobre a vacinação contra Covid-19. Foi ele o responsável por entregar a Jair Bolsonaro, durante uma transmissão ao vivo, o papel com supostos estudos que levaram o ex-presidente a relacionar a vacina contra Covid ao vírus HIV, que causa a Aids;
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Mauro Cid é investigado por saques feitos em dinheiro vivo a pedido, em tese, da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). Como ex-ajudante de ordem de Jair Bolsonaro (PL) e faz tudo ele fazia saques para pagar despesas da ex-primeira-dama.
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O ex-braço direito de Bolsonaro teve atuação direta na tentativa suspeita de liberação indevida das joias, apreendidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em 2021. Foi ele que ordenou o primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, lotado na Presidência, a viajar com urgência nos dias finais de 2022, em voo da Força Aérea Brasileira (FAB), para Guarulhos para tentar reaver parte dos presentes avaliados em R$ 16 milhões, que teriam sido tentados incorporar ao patrimônio pessoal.
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Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio, alvo da Operação Venire, por suposta fraude nos registros de falsas vacinações no sistema dfo Ministério da Saúde e emissão de certificados fraudulentos de regularidade. No dia 8 de maio, Mauro Cid foi levada de sua cela até a PF para ser ouvido no inquérito, mas usou seu direito de permanecer calado.
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Mauro Cid passou a ser alvo de apuração com foco em seu papel nos atos golpistas de 8 de janeiro e nos ato antidemocráticos do 7 de Setembro. Mensagens e áudios apreendidos mostram ele e o ex-major do Exército Ailton Barros, amigo de Bolsonaro preso na Operação Venire, de fraudes nos registros de vacinação, sobre um golpe de Estado.
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Mauro Cid ainda está sob investigação financeira da PF, principalmente após a apreensão de 30 mil dólares em sua residência, em Brasília, no dia 3 de maio, e das descobertas de remessas que ele teria feito aos Estados Unidos.
Cerco
O cerco a Bolsonaro nas investigações conduzidas por Moraes no STF abrange também os aliados, como Mauro Cid e o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres - preso preventivamente desde 14 de janeiro, suspeito de participação nos atos golpistas de 8 de janeiro.
As primeiras investigações que chegaram próximo de Cid foram as do gabinete do ódio e da fábrica de fake news, que tinham entre outros alvos centrais, o blogueiro Allan dos Santos e assessores dos gabinetes dos filhos de Bolsonaro, como Osvaldo Eustáquio e Eduardo Guimarães.
As investigações contra Cid avançaram, no entanto, no último ano, após quebras de sigilo autorizadas por Moraes nos arquivos de mensagens do ex-ajudante de ordem da Presidência. Foram pelo menos quatro quebras de dados (bancário, telemático e fiscal) de pessoas ligadas a ele e ao clã Bolsonaro. É desse pacote que surgiu a Operação Venire.
Mauro Cid também é alvo de investigação sobre os gastos da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e de envolvimento nos atos antidemocráticos e golpistas do 8 de janeiro e do 7 de Setembro, de 2021. Uma outra apuração ainda em análise envolve suspeita de lavagem de dinheiro.