Justiça Federal do Paraná pede à PF investigação contra Sergio Moro
Ex-juiz da Lava Jato é acusado de tentativa de extorsão pelo advogado Rodrigo Tacla Duran
Paola Cuenca
A Justiça Federal do Paraná solicitou, nesta 3ª feira (28.mar), à Polícia Federal a abertura de uma investigação contra o senador Sergio Moro. A medida acontece após o ex-juiz ser acusado pelo advogado Rodrigo Tacla Duran de tentativa de extorsão.
Em depoimento, o advogado, que atuou para a construtora Odebrecht, entre 2011 e 2016, relatou ter sido abordado por pessoas ligadas a Moro, enquanto ele ainda era o juiz federal responsável pela Operação Lava Jato. Duran teria decisões favoráveis a seus clientes mediante pagamento de propina.
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"E, porque eu não aceitei, eu não aceitei ser extorquido, e falar o português claro - que ele gosta do linguajar de cadeia - de ser 'arregado', é que eu fui perseguido até hoje", relatou Tacla Duran à Justiça.
Até a primeira quinzena deste mês, Rodrigo Tacla Duran, que vive na Espanha, era considerado foragido da Justiça Brasileira. Réu na Lava Jato por ter atuado como operador financeiro da Odebrecht, em esquemas de corrupção, ele possuía um mandado de prisão preventiva em aberto, desde 2017. Mandado que foi expedido pelo então juiz Sergio Moro.
No entanto, levando em conta a duração do processo e a presunção de inocência, no dia 16 deste mês, o Juiz Fernando Appio revogou a prisão preventiva de Duran, e marcou uma oitiva do acusado.
No depoimento, Duran também afirmou ter sido perseguido pelo ex-coordenador da Operação Lava Jato e, agora, deputado federal, Deltan Dallagnol.
"O que estava acontecendo não era um processo normal. Era um bullying processual, onde me fizeram ser processado, pelo mesmo fato, em cinco países. Por uma simples questão de vingança, por eu não ter aceitado ser extorquido", argumentou Rodrigo Tacla Duran.
As falas do advogado foram interrompidas pelo juiz Fernando Appio. EM ofício, ele afirma que encerrou a audiência para evitar futuro impedimento, já que, em se tratando de denúncia contra parlamentares com foro privilegiado, a competência é exclusiva do Supremo Tribunal Federal. Appio ainda determinou a inclusão de Duran no programa federal de proteção a testemunhas.
Nesta 3ª, Appio solicitou ainda à Polícia Federal do Paraná a abertura urgente de inquérito policial contra Moro para apurar a suposta prática de crime de extorsão.
Em nota, Sergio Moro lamentou o uso político de calúnias feitas por um criminoso confesso e sem credibilidade. Já Deltan Dallagnol afirmou que a denúncia é requentada, e que o Ministério Público Federal e a Procuradoria-Geral da República já investigaram e arquivaram o caso duas vezes.
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