Caso Bernardo: pai passa mal e não participa do segundo dia de julgamento
Leandro Boldrini, acusado de planejar a morte do filho, teve uma crise nervosa
Luciane Kohlmann
O médico Leandro Boldrini, acusado de envolvimento na morte do filho, Bernardo, não participou do segundo dia do próprio julgamento, em Três Passos, no Rio Grande do Sul. O réu teve uma crise nervosa e foi liberado para voltar ao presídio.
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Sem a presença do réu, o júri ouviu o depoimento da segunda testemunha. A delegada Cristiane Braucks participou das investigações do crime em 2014. Para ela, não há dúvidas de que Leandro planejou a morte do próprio filho.
"O pai não se importava com o filho, num segundo momento veio essa questão da cumplicidade muito forte com a Graciele, veio essa informação que ela teria posto assim 'ou eu ou ele'. Familiares relataram que ele também teria interesse no fim do Bernardo, também demonstrou que não gostava do filho", diz a delegada.
Escutas telefônicas revelaram um acordo entre os réus para inocentar o pai do menino. "A principio estaria tudo certo, estava tudo alinhavado pra que elas assumissem a culpa, principalmente a Graciele assumisse a culpa, e pra livrar o Dr. Leandro. posteriormente tinha uma info nas escutas que não tinha dado certo porque a Graciele teria isentado também a Edelvania", afirmou a delegada.
Bernardo Boldrini, de 11 anos, foi morto em abril de 2014, depois de receber uma dose letal de sedativo. A receita médica foi assinada pelo pai da criança. O corpo do menino foi enterrado em Frederico Westphalen, cidade vizinha. A madrasta, uma amiga e o irmão dela foram condenados pelo crime. O novo júri vai decidir sobre a participação de Leandro Boldrini.
Rodrigo Vares, advogado de defesa, afirmou: "as delegadas foram categóricas nisso, não tem prova cabal. A única prova que se tentou fazer foi o receituário, a assinatura, uma prova pericial que o Instituto Geral de Perícias foi categórico dizendo 'inconclusivo, olha, não temos como afirmar'".
A promotora de Justiça, Lúcia Helena Callegari, disse: "quando a gente tem uma investigação boa, se tenta desmoralizar a atividade de quem investigou. Então havia uma preocupação muito grande da gente trazer pros jurados quem são as pessoas que investigaram, como investigaram e a seriedade e comprometimento desse trabalho".
A terceira testemunha foi Andressa Wagner, ex-secretaria de Leandro Boldrini. A pedido dela, o depoimento não foi transmitido. Andressa lembrou que a madrasta, Graciele Ugulini, pedia pra expulsar Bernardo da clínica e chegou a dizer que precisava dar um jeito nele, que o menino não tinha espaço na agenda do pai e buscava em outras pessoas carinho e afeto.
O júri ouviu também o depoimento da madrinha de Bernardo, Juçara Petry, a "Tia Ju". Ela chorou em vários momentos ao lembrar a rotina de abandono do menino, após a morte da mãe. A testemunha ficou muito abalada ao recordar os últimos momentos que passou com a criança, e a sessão precisou ser interrompida.
Vizinha da família, ela contou que Bernardo era como um filho, que era muito carente, frequentava a casa dela e, muitas vezes, dizia que não tinha almoçado. Falou que foi procurada mais de uma vez pelo Conselho Tutelar para saber por que o menino estava sempre na casa dela.
Ainda faltam seis testemunhas, além do interrogatório do réu. Por isso, o julgamento, previsto inicialmente para durar três dias, pode ir até 5ª feira.
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