Trabalho escravo: 56 pessoas são resgatadas em fazendas de Uruguaiana (RS)
Dez menores de idade estavam entre as vítimas; eles atuavam em duas fazendas de arroz no interior
Rafaela Vivas
Uma operação conjunta entre a Polícia Federal (PF), Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Gerência Regional do Trabalho resgatou, na tarde desta 6ª feira (10.mar), 56 trabalhadores em condições análogas à escravidão em duas fazendas de arroz no interior de Uruguaiana (RS). Segundo dados da fiscalização, este é o maior resgate já registrado no município.
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Dos resgatados, todos homens, dez eram adolescentes com idades entre 14 e 17 anos. Eles trabalhavam fazendo o corte manual do arroz vermelho e a aplicação de defensivos químicos, sem equipamentos de proteção, e chegavam a andar jornadas extenuantes antes mesmo de chegarem ao local de trabalho.
A operação foi realizada em duas propriedades rurais em Uruguaiana, após uma denúncia informar a presença dos jovens na propriedade, trabalhando sem carteira assinada. O grupo móvel de fiscalização também encontrou trabalhadores adultos em situação análoga à escravidão.
Os trabalhadores eram da própria região, vindos de Itaqui, São Borja, Alegrete e Uruguaiana. Eles faziam o corte manual do arroz vermelho com instrumentos inapropriados (muitos usavam apenas uma faca doméstica de serrinha), além de aplicar agrotóxicos com as mãos. Em uma das propriedades, era feita a aplicação de veneno pelo método de "barra", em que dois trabalhadores aplicam o agrotóxico usando uma barra metálica perfurada conectada a latas do produto - um tipo de atividade que exige equipamentos individuais de proteção.
O empregador foi preso em flagrante por redução à condição análoga a de escravo (Art. 149 do Código Penal), conduzido à Polícia Federal e será encaminhado ao Sistema Penitenciário.
Os trabalhadores foram encaminhados de volta a suas casas. Segundo as autoridades, eles vão receber de imediato três parcelas de seguro- desemprego. Os empregadores serão notificados para assinar a carteira de trabalho dos resgatados e pagar as devidas verbas rescisórias.