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Justiça

Presidente do STM desdenha de áudios sobre tortura: "Simplesmente ignoramos"

Ministro ainda disse que gravações da época da ditadura "não estragaram a Páscoa de ninguém"

Imagem da noticia Presidente do STM desdenha de áudios sobre tortura: "Simplesmente ignoramos"
Luis Carlos Gomes
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O presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministro Luis Carlos Gomes, desdenhou da divulgação de áudios que comprovam a prática de tortura durante a ditadura militar. Na primeira sessão da Corte após a revelação das gravações, Gomes disse que "simplesmente" ignorou o fato.

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"Tivemos aí alguns comentários contra o nosso Tribunal ou contra a Justiça militar de uma forma geral", afirmou o ministro na sessão desta 3ª. "Eu disse para o nosso Ascom [Assessor de comunicação] que não faríamos nada, que não teríamos resposta nenhuma para dar. Simplesmente ignoramos uma notícia tendenciosa", acrescentou.

A notícia a que Gomes se refere foi publicada no domingo (17.abr), pelo jornal O Globo e mostrava gravações de sessões STM durante a ditadura militar, que revelam conversas sobre tortura. O material -- mais de 10 mil horas de áudios -- foi obtido pelo historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e contém relatos de tortura e como os ministros faziam comentários desrespeitosos sobre as vítimas, inclusive piadas a respeito dos torturados.

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Ainda na sessão, o ministro disse que a divulgação dos áudios "não estragou a Páscoa de ninguém": "A minha não estragou". Ele também afirmou que "não tem nada para buscar hoje".

"Vão rebuscar o passado, mas só varrem um lado, não varrem o outro", argumentou. "Às vezes dói, dá vontade de você responder, sacudir e mostrar... não adianta. Você vai sacudir, não vai adiantar nada. Porque não muda. Passam-se os anos e as pessoas dizem as mesmas coisas, as mesmas besteiras, as mesmas idiotices", arrematou.

Mourão

Questionado na 2ª feira (18.abr) sobre os áudios, o vice-presidente e general da reserva Hamilton Mourão disse que "isso é história" e que não é possível apurar o caso porque "os caras já morreram tudo". "É a mesma coisa da gente voltar para a ditadura do Getúlio, né. Então são assuntos já escritos em livros, debatidos intensamente, passado, faz parte da história do país", afirmou Mourão. Sobre a possível investigação, acrescentou, aos risos: "O quê? Os caras já morreram tudo. Vai trazer os caras do túmulo de volta?".

Já nesta 3ª, o vice-presidente escreveu nas redes sociais que o golpe militar foi uma "revolução democrática".

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