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Justiça

Boate Kiss: "Eu era um prisioneiro do meu corpo", relata sobrevivente

Domingo (5.nov) foi marcado por depoimento de vítima e relato de engenheiro responsável por reforma de prédio em 2009

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Sobrevivente depõe a júri no 5º dia de julgamento do caso da Boate Kiss
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No quinto dia de julgamento do caso da Boate Kiss, o engenheiro Tiago Mutti deu o mais longo depoimento até agora sobre a tragédia que matou 242 pessoas em Santa Maria (RS), em 2013. O domingo (5.dez) foi marcado por seis horas de falas do engenheiro e por um depoimento de um sobrevivente que teve 50% do corpo queimado pelas chamas.

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Mutti falou a pedido da defesa do réu Mauro Hoffman, sócio da boate. O engenheiro foi responsável por reformas no prédio em 2009 e falaria como testemunha. Porém, o Ministério Público apontou processos de falsidade ideológica e fraude relacionadas a Mutti, e o juiz o considerou apenas um informante.

O prédio era de um curso pré-vestibular, transformado na boate, que ainda passou por outra reforma, sem a participação do engenheiro. Parentes de Mutti foram sócios da casa noturna até 2010 e ele chegou a visitar o local durante uma festa, um mês antes da tragédia. No depoimento, o depoente relatou mudanças e que achou "a boate muito boa" e que achava o ambiente "seguro".

Mutti confirmou que, tecnicamente, a única porta da Kiss era o suficiente, de acordo com normas e a área do prédio, e que, após uma vistoria, foi aprovado. A defesa de outro sócio e réu, Elissandro Spohr, pediu ao engenheiro falar sobre a segunda obra feita na boate, que teria facilitado o deslocamento dos clientes até a saída do prédio em relação à configuração original.

AO VIVO: 6º dia do julgamento do caso Boate Kiss

Na sequência, foi ouvido o sobrevivente Delvani Rosso, de 29 anos. O rapaz estava no dia da tragédia com seis amigos; três deles morreram. Rosso contou que, tentando sair da boate, se deu conta que não conseguiria pois havia muita gente na frente e a fumaça era intensa. 

"Quando eu fui caindo eu fui me despedindo. Eu fui me despedindo da minha família, dos meus amigos, e pedindo perdão por alguma coisa que eu tivesse feito", relatou. Rosso desmaiou e foi resgatado pelo próprio irmão. Ele teve queimaduras em 50% do corpo. "Ele entrava rastejando por baixo da fumaça e puxava as pessoas. Os homens, ele puxava pelo cinto. As meninas pelos cabelos. Porque se ele pegava no braço tirava a pele das pessoas", afirmou.

O rapaz foi transferido para Porto Alegre e ficou quase dois meses internado. "Eu era um prisioneiro do meu corpo. Eu só conseguia? [para, emocionado] Eu só conseguia pensar e só. Tentar entender tudo o que estava acontecendo comigo. Porque tanta dor, tanto sofrimento".

O juiz Orlando Faccini Neto afirmou que a partir de 2ª feira (6.dez), os trabalhos vão começar às 9h da manhã, pois os depoimentos estão "muito longos" e que serão ouvidas pelo menos três pessoas por dia. Nessa sequência, os réus começarão a ser interrogados no próximo final de semana.

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