Delegado que combatia pirataria é preso por cobrar propina no Rio
Operação cumpre 8 mandados de prisão preventiva, sendo 5 de policiais, e 19 de busca e apreensão
SBT News
Operação deflagrada nesta 4ª feira (30.jun), a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro, cumpre 8 mandados de prisão preventiva, sendo 5 policiais, e 19 de buscas e apreensão.
Chamada de operação "Carta de Corso", a investigação descobriu que o delegado titular da Delegacia do Consumidor, Maurício Demétrio, comandava uma organização composta por outros policiais civis, um perito criminal e particulares, que cobrava propina de comerciantes que vendiam produtos falsificados.
Segundo o MP, a organização surgiu na Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) da Polícia Civil do Rio e agiu entre março de 2018 e março de 2021.
"Ao invés de reprimir a prática de delitos, em especial a "pirataria", os acusados os praticava, exigindo dos lojistas da famosa Rua Teresa em Petrópolis o pagamento de vantagens ilegais para permitir que continuassem comercializando "roupas piratas" (falsificadas)", afirma o Ministério Público.
O esquema da organização funcionava em dois núcleos comandados pelo delegado Maurício. Um deles era composto pelos operadores: Alex Sandro Gonçalves Simonete, Ana Cristine de Amaral Fonseca e Rodrigo Ramalho Diniz, que ameaçavam e recolhiam a propina dos comerciantes.
O outro grupo, formado pelos policiais Celso de Freitas Guimarães Junior, Vinicius Cabral de Oliveira e Luiz Augusto Nascimento Aloise e o perito José Alexandre Duarte, era responsável por subverter a estrutura da polícia civil em instrumento da organização criminosa, executando diligências policiais como forma de represália aos lojistas que se recusavam a pagar os valores exigidos, chegando ao ponto de forjar provas e produzir laudo falso.
O delegado Maurício e os demais investigados vão responder por vários crimes cujas penas somadas superam 30 anos de reclusão e perda do cargo público. Segundo o MP, a propina era utilizada na compra de carros de luxo e padrão de vida incompatível com os salários dos policiais envolvidos.
Em março, Maurício Demétrio tentou obstruir a justiça criando uma operação fake contra o colega delegado Marcelo Machado. Em nota, o Ministério Público informou que "Ao incriminar falsamente o colega Marcelo Machado e seu sócio Alfredo e caluniar outros delegados e testemunhas, cujos nomes nem mesmo constavam no inquérito policial e na medida cautelar que levaram à deflagração da operação, Maurício Demetrio agiu para retirar a credibilidade das testemunhas e a fiabilidade dos relatos já prestados, impingir mácula falsa à
atuação dos investigadores e coagir moralmente estes indivíduos, embaraçando as investigações em curso."
Relembre o caso na reportagem do SBT Rio:
Veja reportagem do SBT Brasil: