Zelensky discute desbloqueio de exportações de grãos com chefe da Otan
Envios foram barrados após Rússia suspender acordo humanitário
Camila Stucaluc
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenky conversou, neste sábado (22.jul), com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, sobre as exportações de grãos no Mar Negro. No telefonema, ambos debateram os passos futuros para retomar os envios, prejudicados pela suspensão do acordo pela Rússia.
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"Identifiquei com Stoltenberg a prioridade e as medidas futuras necessárias para desbloquear e operar de forma sustentável o corredor de grãos do Mar Negro. Também partilhamos avaliações da atual situação no Mar Negro e dos riscos que [a suspensão das exportações de grãos] reprenta para a segurança alimentar mundial", disse Zelensky.
O acordo que permitia a exportação de grãos pelo Mar Negro foi suspenso pela Rússia na 2ª feira (17.jul). Em justificativa, o Kremlin alegou que as sanções impostas pelo Ocidente estão impactando os envios e exigiu a suspensão das restrições contra instituições financeiras russas, bem como a retomada no sistema Swift - do qual foi banido logo após invadir a Ucrânia, em fevereiro de 2022.
O Ocidente, por sua vez, garantiu que as sanções não englobam produtos acordados na iniciativa e que a Rússia está "dando desculpas" para não estender o acordo. O mesmo foi dito pelo diretor-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, que, para tentar recuperar o acordo, está intermediando uma proposta para Moscou.
"A iniciativa de grãos e o Memorando de Entendimento com a Rússia foram ?uma tábua? de salvação para a segurança alimentar global e um farol de esperança em um mundo conturbado. A participação nesses acordos é uma escolha. Mas as pessoas em dificuldades em todos os lugares e os países em desenvolvimento não têm escolha", disse Guterres.
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O chefe da ONU ainda criticou os ataques russos aos portos ucranianos, afirmando que os impactos serão sentidos "muito além da Ucrânia". Isso porque Kiev e Moscou respondem por quase metade das exportações de cereais do mundo. Países africanos, por exemplo, que já sofrem com fortes índices de insegurança alimentar, são fortes dependentes dos envios.