Saiba o que é infodemia e como o fenômeno afeta a disseminação de desinformação
Crise sanitária trouxe excesso de informações verdadeiras e falsas sobre a covid-19 trazendo desconfiança e confusão
Paulo Leite
Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia da covid-19 devido à rápida disseminação geográfica da doença. Desde então, o novo coronavírus causou a morte de cerca de 6,4 milhões de pessoas no mundo, além de trazer enormes prejuízos à economia mundial.
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Segundo a OMS, o alastramento da doença também trouxe um excesso de informações -- verídicas ou não --, acarretando numa dificuldade de encontrar fontes confiáveis. Em trecho da declaração conjuta de organizações ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU) divulgada em setembro de 2020 reforça que a infodemia tem uma característica muito específica.
Uma infodemia é uma superabundância de informações, tanto online quanto offline. Inclui tentativas deliberadas de disseminar informações erradas para minar a resposta de saúde pública e promover agendas alternativas de grupos ou indivíduos.
Antes mesmo de declarar pandemia, a entidade já somava esforços para conter a desinformação.
"Sabemos que qualquer surto será acompanhado por um tsunami de informações e que dentro disso também sempre haverá desinformação, rumores etc. Sabemos que até mesmo na Idade Média esse fenômeno ocorria", disse Sylvie Briand, diretora do Departamento de Doenças Pandêmicas e Epidemiológicas da OMS, em artigo publicado pela revista The Lancet, em fevereiro de 2020.
Causas da infodemia
Em texto publicado pela ONG norte-americana First Draft, que atua contra a desinformação, argumenta que "quando nos deparamos com uma pandemia global como o coronavírus, as pessoas compartilham informações porque estão com medo e querem manter seus entes queridos seguros".
Mas, faz um alerta: "é nosso instinto natural tentar ser útil e alertar os outros. Mas caso compartilhe a coisa errada, você acidentalmente faz mais mal do que bem".
Segundo a entidade, o ser humano tende a informação que reforça a sua visão de mundo e dizer aquilo o que pretende ser.
A própria OMS ressalta que a desinformação pode ser prejudicial a saúde física e mental das pessoas, além de aumentar a estigmatização, ameaçando ganhos e conquistas na área da sáude, assim gerando uma narrativa negativa contra as medidas de saúde pública que beneficiam um grupo ou a sociedade.
Assim, colocando em risco as políticas públicas que visam por exemplo a interromper uma pandemia e causa polização no debate público em temas específicos, gerando risco de conflito, violência, violações dos direitos humanos, ameaçando até mesmo o avanço da democracia, direitos humanos e a coesão social.
A desinformação custa vidas. Sem a confiança adequada e informações corretas, os testes de diagnóstico não são utilizados, as campanhas de imunização (ou campanhas para promover vacinas eficazes) não atingirão suas metas e o vírus continuará a prosperar, diz trecho de declaração conjunta da ONU de 2020.
Termo foi citado pela primeira vez em 2003
Apesar de ter ganhado força nos últimos dois anos, o termo infodemia foi citado pela primeira vez em 2003 pelo jornalista e cientista político David Rothkopf, em uma coluna de opinião do jornal norte-americano The Washington Post.
A palavra mistura dois termos: epidemia e informação. Naquele momento, Rothkopf alertava para o fato de que o surto de Sars (outro tipo de coronavírus) em território chinês ultrapassasse as fronteiras do país e impactasse a economia mundial.
"A história do Sars não se trata de uma epidemia, mas de duas, sendo a segunda aquela que escapou amplamente das manchetes, tendo implicações muito maiores do que a própria doença. Isso porque não é uma epidemia viral, mas sim uma "epidemia de informação" que transformou a Sars, ou síndrome respiratória aguda grave, de uma crise de saúde regional chinesa em um desastre econômico e social global. A informação endêmica - ou "infodemia" - fez a crise de saúde pública mais difícil de controlar e conter", explica.
O que a OMS recomenda?
Além da defesa do acesso universal a informações de saúde confiáveis e criando a prática de resiliência à desinformação para as pessoas em todo o mundo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a importância de uma boa gestão do excesso da informação.
Para assim, reduzir seu impacto nos comportamentos nocivos durante as emergências de saúde. Com isso, a OMS aponta quatro tipos de atividades são recomendadas para a boa gestão da informação.
- Ouvir as preocupações e perguntas da comunidade
- Promovendo a compreensão dos conselhos de especialistas em risco e saúde
- Construindo resiliência à desinformação
- Envolver e capacitar as comunidades para tomarem medidas positivas
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