Cerca de 40 brasileiros vindos da Ucrânia desembarcam no país
Após dias de angústia, durante a fuga da guerra, reencontro com familiares foi marcado por muita emoção
SBT Brasil
Um grupo de cerca de 40 brasileiros, vindos da Ucrânia, desembarcou, nesta 3ª feira (1.mar), nos aeroportos de São Paulo e do Rio de Janeiro.
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Desde o início da invasão do território ucraniano pelo exército russo, o grupo vinha tentando deixar o país e enfrentando, no caminho, adversidades como trens lotados e escassos, estradas congestionadas e cercadas por tropas, comunicação precária.
A maioria dos brasileiros atua em equipes de futebol ucranianas, como o Shakhtar Donetsk, time cuja sede fica em Donbáss, região ao leste do país que é controlada por separatistas apoiados pelo presidente russo Vladimir Putin.
Maycon Andrade foi um dos primeiros a desembarcar no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, ao lado da esposa e dos dois filhos. "Foi uma viagem muito longa. Nosso maior receio na verdade era a gente sair [do esconderijo antiaéreo] e acontecer um conflito no meio do caminho, e se a gente não tivesse transporte ter que carregar crianças e idosos num percurso muito grande", relatou o jogador.
A esposa de Maycon lembrou ainda que, em meio a todas as dificuldades para se locomoverem até a fronteira, a família ainda precisou lidar com as baixas temperaturas e a escassez de alimentos. "Minha mãe me perguntava "Filha, vocês conseguiram levar algo para comer?". Eu dizia: 'Mãe, as crianças, graças a Deus, não estão passando fome. Deu tempo de pegar duas maçãzinhas - eu tenho dois filhos -, peguei duas maçãzinhas e eles comeram. No momento que eu vi o caroço da maçã, eu disse: 'É agora que vou matar minha fome'. Peguei o caroço da maçã e comi", contou Lyarah Vojnovic, emocionada.
O jogador do Kolos Kovalivka, Luciano Teixeira, que estava com o grupo, falou sobre o horror da guerra que presenciou enquanto cruzava as regiões mais atingidas pelo conflito. "Eu vi um avião caindo, não sei se era russo, vi muito barulho de tiro, de armas poderosas, que tremia o hotel que eu estava, e vi dois caças passando pela minha janela, um tacando míssil no outro", acrescenta o atleta.
Pedrinho, ex-jogador do Corinthians e atual contratado do Shakhtar Donetsk, também estava na Ucrânia, com a esposa e filha, e diz que a vontade de salvar a vida da filha foi o que o motivou a fugir do país. "Tudo aquilo que vimos na estrada, pessoas morrendo, pessoas que não têm nada a ver com a situação; e acredito que isso era o que passava mais na nossa cabeça: tenho uma filha de 4 meses que estava comigo, e a todo momento só queria que ela ficasse bem", contou.
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