Kiev espera pior bombardeio desde o início da invasão russa
Sirenes que alertam a população para um possível ataque soaram ao menos três vezes nas últimas horas
SBT Brasil
O governo ucraniano alertou a população de que Kiev pode sofrer na noite deste sábado (26.fev) -- madrugada de domingo (27.fev) na Ucrânia -- o pior bombardeio desde o início da invasão russa. Já há relatos de novas explosões na capital ucraniana.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
De Kiev, o correspondente do SBT Sérgio Utsch informou que as sirenes que alertam a população para um possível ataque soaram ao menos três vezes nas últimas horas.
Sirenes soam simultaneamente em vários pontos de Kiev. Sinos de igrejas soam ao mesmo tempo. É um dos sons mais tristes e aterrorizantes que já ouvi. pic.twitter.com/bTCmxrvA3q
? Sérgio Utsch (@utsch) February 26, 2022
A capital ucraniana está sob toque de recolher até a próxima 2ª feira (28.fev). Qualquer pessoa que for flagrada na rua será considerada "inimigo".
Ofensiva
Um comunicado divulgado nesta sábado (26.fev) pelo Kremlin ordena que a ofensiva militar na Ucrânia se intensifique "em todas as direções". Desde as primeiras horas deste sábado, uma série de bombardeios atingiu a capital, Kiev.
O edifício residencial na capital ucraniana atingido por um míssil durante a manhã fica perto de um dos aeroportos da cidade. Pelo menos 35 pessoas ficaram feridas. No centro da capital, um coluna de fumaça vinha de um carro da polícia, destruído por outro míssil. Mas, o que se passou pela manhã foi apenas um rescaldo dos intensos bombardeios da última noite. Além da troca de tiros, que tomou algumas ruas da capital.
Pela manhã, os danos ficaram claros em várias regiões do país, como em Karkhov e Mariupol, onde mais civis foram atingidos. "Peguei a pequena primeiro. Foi difícil porque tinha muita fumaça, muito vidro quebrado no chão", disse Ruzanna, mostrando as marcas de sangue deixadas pela mãe, que ficou ferida.
Apesar das evidências e do comunicado do Kremlin, em Moscou, os russos negaram que tenham acertado alvos civis. Já está claro para os ucranianos que ninguém está a salvo, nem os jornalistas. Neste sábado, o correspondente do Sérgio Utsch, enviado especial, deixou o hotel onde estava na capital da Ucrânia. "Não dá mais... os jornalistas estão todos saindo daqui e eu vou ter que procurar um novo ponto aqui em Kiev, mas vamos lá", disse em áudio. A entrada virou uma grande barricada, organizada por uma das muitas milícias formadas para lutar contra os russos.
+ Brasil vota a favor da resolução condenando a invasão russa à Ucrânia
O governo da Ucrânia está distribuindo armas para a população. Ensinando as pessoas a fazerem bombas caseiras e alistando homens que tem entre 16 e 60 anos. Em kiev, tropas ucranianas alegaram ter destruído um comboio da rússia, bem perto da casa de Lidiya, que pergunta: "quem precisa dessa guerra?". O presidente da Ucrânia, Volodomir Zelensky, publicou um vídeo em frente ao palácio do governo para refutar a notícia espalhada pelos russos de que ele teria deixado o país. Ele recusou um convite dos Estados Unidos para que fosse retirado da Ucrânia. Em vez de asilo, pediu armas e disse que o país não vai se render.
"Nossa verdade é que é estas são nossas terras, nosso país, nós vamos defender tudo isso", pontuou. A condenação contra a invasão russa cresceu tanto que a Alemanha resolveu reverter a política que tinha de não enviar armas para outros países. Mil armas anti-tanques e 500 mísseis serão enviados para a Ucrânia. A Polônia mandou um comboio com toneladas de munição.
Dos Estados Unidos, nem munição, nem armas. Mas uma ajuda financeira equivalente a R$ 1,8 bilhão foi anunciada. Além das batalhas clássicas de uma guerra cada vez mais violenta, há uma versão moderna da guerra de propaganda em curso, com milhares de vídeos e informações falsas em circulação na internet. A verdade mais cruel de uma guerra, porém, está estampada no rosto de milhões de ucranianos, para quem cada dia vivo é a vitória que basta.