Jogadora de time feminino denuncia torcedor por injúria racial
Crime foi igualado com o de racismo pelo Senado e deputados analisam projeto. Casos no futebol aumentaram em 2021
Primeiro Impacto
Uma jogadora de um time feminino do Distrito Federal denunciou um torcedor pelo crime de injúria racial. A atleta Thamires Nascimento, conhecida como "Buga", afirmou que o homem a ofendeu gritando que o cabelo dela era de "mafuá" e "bucha".
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Integrante do Cresspom, time de Brasília, Buga estava na grande área do campo quando o torcedor do time adversário, o Aruc, começou a ofender as jogadoras. A partida era válida pela nona rodada do Candangão Feminino de Futebol, no último dia 13.nov.
O jogo foi interrompido e, no momento das ofensas, Buga não acreditava no que o criminoso falava, mas os xingamentos foram testemunhados pelas colegas de time.
O juiz se aproximou do torcedor que proferiu as ofensas. O homem se levantou e foi retirado do clube. A partida, depois, foi retomada, mas a polícia não foi chamada. A atleta, que atua como lateral direita, decidiu esperar pela súmula do jogo para denunciar o caso.
Buga registrou uma ocorrência online com a denúncia pelo crime de injúria racial e espera que o caso seja investigado após ficar ofendida com os ataques. A lateral saiu do Rio de Janeiro em 2015 para jogar em Brasília.
O Senado aprovou um projeto que iguala os crimes de injúria racial e racismo, com os dois delitos tendo a mesma punição. O mesmo entendimento foi estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal e segue em análise na Câmara dos Deputados.
Em nota, o Aruc/Fúrias afirmou que não tem ligação com o que aconteceu com Buga e que repudia qualquer atitude racista. A Federação de Futebol do Distrito Federal se posicionou dizendo que são atos racistas inadmissíveis e que "é preciso punição severa para tais atitudes".
O número de denúncias de injúrias raciais em 2021 já superou o total de 2020, segundo o Observatório da Discriminação Racial no Futebol. Foram anotados 51 casos este ano contra 31 ano passado. Os números são menores que os observados em 2019, com 136 crimes do tipo. A queda reflete as interrupções e pausas no calendário causadas pela pandemia de coronavírus nos últimos dois anos.
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