Áustria ameaça restringir circulação de não vacinados contra covid-19
Pesquisa recente da Universidade de Viena mostrou que 17% dos austríacos não pretendem se imunizar
Neste sábado (23.out), o chanceler da Áustria, Alexander Schallenberg, ameaçou restringir a circulação de pessoas não vacinadas contra a covid-19 caso as infecções pela doença continuem a avançar no país. Decisão foi tomada após uma reunião na 6ª feira (22.out), com os líderes de estado austríacos para discutir uma resposta ao crescente número de novos casos do novo coronavírus.
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Schallenberg descartou um novo lockdown para vacinados e pessoas que se recuperaram da doença, dizendo que "as decisões que tomamos hoje não têm efeito sobre aqueles que foram vacinados". A nova regra também não será aplicada à parcela da população que não pode se vacinar, como jovens com menos de 12 anos, que ainda não tem uma vacina aprovada.
Medidas de restrição
Atualmente, 220 leitos de UTI estão ocupados por pacientes com covid-19 na Áustria, valor que corresponde a 11% da capacidade total. Segundo o chanceler, caso a quantidade de pessoas internadas com a doença chegue em 500 (25%), o governo irá impor restrições para quem não estiver imunizado, em que os não vacinados serão barrados em hotéis, restaurantes, eventos, instituições culturais, instalações de lazer e eventos esportivos, mesmo que apresentem testes negativos.
No entanto, se o número chegar 600 pessoas em leitos de UTI, equivalente a 33% da capacidade total, os não vacinados só poderão sair de casa em casos excepcionais, como fazer compras ou trabalhar. "Vamos diferenciar entre os protegidos e os testados", destacou Schallenberg. Os detalhes das restrições ainda estão sendo definidos e deverão ser divulgados em breve por Wolfgang Mückstein, ministro da Saúde do país.
Combate à covid-19 na Europa
Outros países europeus também vêm impondo regras aos não vacinados, para incentivar a imunização da população. A Alemanha, por exemplo, aboliu os testes gratuitos, visto que, para acessar diversos locais no país, é obrigatório apresentar comprovante de vacinação, recuperação ou um teste negativo.
Já na Itália, desde 15 de outubro, todos os trabalhadores precisam comprovar se se vacinaram contra a covid-19, apresentar atestado de recuperação ou testes negativos, que são gratuitos somente para quem não pode se imunizar por questões médicas. Caso o indivíduo não apresente o documento e precise se ausentar devido ao novo coronavírus, ele não receberá pagamento nos dias em que estivar afastado.
Aumento dos casos no velho continente
Na última 4ª feira (20.out), a Organização Mundial da Saúde (OMS), revelou que houve um aumento de 7% nos novos casos de coronavírus na Europa, única região do mundo onde as novas infecções cresceram.
Nesse viés, a Rússia, que registra há dias recordes no número de mortes causadas pela covid-19, decretou um feriado prolongado para tentar conter o avanço da doença. Caso a situação não melhore, algumas regiões poderão estender o decreto.
Resistência à vacinação
Atualmente, cerca de 65,4% da população austríaca já recebeu a primeira dose do imunizante e 62,2% estão com o esquema vacinal primário completo, isto é, receberam a 2ª dose ou a vacina de aplicação única. Contudo, uma pesquisa recente do Austria Corona Panel Project (ACPP), da Universidade de Viena, mostrou que 17% dos austríacos não pretendem se vacinar contra a covid-19 e 8% estão hesitantes.
No Centro e Leste europeu, diversos países também tem enfrentado resistência aos imunizantes. Letônia, Bulgária, Romênia, Rússia, Croácia, Polônia e Estônia possuem os menores índices de vacinação da União Europeia.
Na última 3ª feira (19.out), o prefeito de Moscou, Serguei Sobyanin, afirmou que cidadãos com mais de 60 anos deverão permanecer em isolamento domiciliar por quatro meses. Já a Letônia decretou um novo lockdown, de pelo menos quatro semanas, fechando lojas, restaurantes e escolas.
Da população total da União Europeia, Noruega, Islândia, Lichtenstein, somente 61,1% está completamente imunizado. Somente Portugal, Malta e Islândia ultrapassaram a faixa de 75% das pessoas imunizadas. Desde o início da pandemia, a Áustria já registrou mais de 790 mil casos da covid-19 e cerca de 11.200 mortes pela doença.