FALSO: É falso que polícia tenha prendido enfermeiro impostor em hospital onde Bolsonaro foi internado
Confira a verificação realizada pelos jornalistas do Projeto Comprova
Comprova
FALSO: São inverídicos os posts que circulam no Facebook e no WhatsApp afirmando que um falso enfermeiro, que seria filiado ao PCdoB, foi preso no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) esteve internado nos últimos dias. A imagem utilizada pelos autores foi feita em abril de 2021, em Manaus, e a prisão em São Paulo foi desmentida pela Polícia Civil.
- Conteúdo verificado: Postagens no Facebook e no WhatsApp com a foto de um falso enfermeiro algemado. O texto afirma que o homem é Joilton Batista Silverio, filiado ao PCdoB, preso pela Polícia Civil após ter sido detido pela segurança do Hospital Vila Nova Star, onde Bolsonaro esteve internado recentemente.
É falso que um homem, se passando por enfermeiro, tenha sido preso no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estava internado. A informação foi desmentida pela unidade hospitalar e também pela Polícia Civil do Estado de São Paulo, ao serem procurados pelo Comprova.
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A imagem veiculada junto à informação falsa pertence a um homem preso em abril deste ano, em um hospital de Manaus, capital do Amazonas, segundo reportagens publicadas na época. A Polícia Civil do estado e a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde amazonense confirmaram a informação.
O autor da postagem mais antiga localizada pelo Comprova no Facebook foi procurado via Messenger e afirmou ter recebido o conteúdo de "alguém". A informação falsa foi apagada logo após o contato.
Como verificamos?
Bastou realizar a busca reversa da foto que aparece nas postagens ? utilizando o Google Imagens ? para que o Comprova detectasse diversas notícias publicadas com a mesma imagem em abril deste ano em portais locais de Manaus (AM).
A partir dessa informação, o Comprova encaminhou e-mails para as assessorias de imprensa do governo e da Polícia Civil do Amazonas, questionando as circunstâncias das reportagens e a veracidade das informações.
A equipe de verificação também entrou em contato com a Rede D?Or, responsável pelo Hospital Vila Nova Star, onde o presidente ficou internado, e com a Polícia Civil do Estado de São Paulo, ambas citadas nas publicações falsas.
Em seguida, consultamos o repositório de dados eleitorais do TSE, onde constam os nomes de todas as pessoas filiadas a partidos políticos no Brasil. Por fim, também entramos em contato com os autores das postagens no Facebook.
Verificação
Caso é de Manaus
A pessoa que aparece na foto que circula com a mensagem falsa foi presa, na verdade, no Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo, em Manaus, em abril deste ano. Segundo a Secretaria de Saúde do Amazonas, o homem de 36 anos se passava por técnico de enfermagem da unidade, da rede estadual, e foi detido por militares da 27ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom). Com ele, foram encontrados medicamentos de vários tipos, além de materiais cirúrgicos.
A direção do hospital disse que o falso profissional de saúde entrou na unidade por meio do serviço de pronto-atendimento, se passando por um paciente. Depois, em um dos consultórios, vestiu um jaleco e passou a circular dentro do hospital, onde solicitou medicamentos aos verdadeiros profissionais de saúde. Ele foi descoberto por uma enfermeira que desconfiou da presença dele e acionou a segurança da unidade e a polícia.
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas também confirmou a história, acrescentando que ele foi detido pelos crimes de tentativa de furto e falsificação de documento (RG). Um inquérito foi aberto sobre o caso e enviado à Justiça.
O Comprova também entrou em contato com a Rede D?Or, que administra o Hospital Vila Nova Star, e com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, para confirmar se algum caso do tipo foi registrado enquanto o presidente estava internado, mas ambos negaram.
Filiação ao PCdoB
As publicações verificadas afirmam que o homem que teria entrado no hospital onde Bolsonaro estava internado se chama Joilton Batista Silvério, teria passagem na polícia por tentativa de homicídio e seria filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
Isso também não é verdade. Consultamos o repositório de dados eleitorais do TSE, onde constam os nomes de todas as pessoas filiadas a partidos políticos no Brasil. Não há ninguém com esse nome na relação de eleitores filiados ao PCdoB:
No sábado, dia 17 de julho, quando Bolsonaro ainda estava internado, o deputado federal pelo PCdoB, Orlando Silva, desmentiu, no Twitter, as ligações da suposta pessoa com o partido.
O Comprova ainda tentou buscar pelo nome Joilton Batista Silvério no Google, mas os únicos resultados encontrados foram as postagens falsas e as verificações realizadas por outros veículos. A Polícia Civil do Amazonas não informou o nome do rapaz detido por lá.
Internação de Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro sentiu dores abdominais e foi internado no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, na última quarta-feira (14). Sua equipe médica decidiu levá-lo para o Hospital Villa Nova Star, na zona sul de São Paulo, para avaliar a necessidade de uma cirurgia emergencial. Ele ficou em observação durante quatro dias devido a uma obstrução intestinal e teve alta neste domingo (18). Ele não precisou passar por procedimento cirúrgico.
O presidente politizou a sua internação ao relembrar o atentado a faca que sofreu durante a campanha eleitoral de 2018. Ele voltou a alegar falsamente que Adélio Bispo, responsável pelo ataque, teria recebido ordens do PT e do PSOL. Bispo já foi filiado ao PSOL, mas deixou a legenda em 2014, quatro anos antes do atentado. Além disso, as falas de Bolsonaro contrariam a conclusão de todas as investigações policiais feitas até o momento e que apontaram para ação isolada de Bispo.
Autor da postagem
A página "Aconteceu em Praia Grande" foi a primeira a postar a imagem no Facebook, segundo a ferramenta de análise de redes sociais CrowdTangle. A página foi criada em 14 de setembro de 2018 e diz falar de "festas, eventos, atos de corrupção, prefeitura, policiamento, informações, desaparecimentos". Parte de suas postagens são em defesa de Bolsonaro.
Procurado pelo Comprova, o responsável afirmou: "Só copiei de alguém, já apaguei". De fato, a imagem foi excluída na manhã desta segunda-feira (19), após o contato da reportagem.
Por que investigamos?
Em sua quarta fase, o Comprova checa conteúdos suspeitos sobre o governo federal, eleições ou a pandemia de covid-19 que tenham atingido alto grau de viralização. Em julho de 2021, os participantes decidiram também iniciar a verificação da desinformação envolvendo possíveis candidatos à presidência da República. Desde então, o projeto tem monitorado nomes que vêm sendo incluídos em pesquisas dos principais institutos.
Desde antes do pleito que elegeu Jair Bolsonaro presidente, em 2018, ele e apoiadores atacam partidos de esquerda, como o PCdoB. Assim como a sigla, PT e PSOL também são alvos frequentes de informações falsas ou enganosas que circulam amplamente em redes sociais, publicadas principalmente por contas bolsonaristas.
Uma das postagens analisadas pelo Comprova foi compartilhada ao menos 255 vezes no Facebook e recebeu 429 reações. O mesmo conteúdo também circula em aplicativos de mensagem, como o Whatsapp. A alegação foi verificada pelo Boatos.Org e também pelo G1.
Falso, para o Comprova, é conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.
Investigação e verificação
BandNews FM, Correio de Carajás e Estadão participaram desta investigação e a sua verificação, pelo processo de crosscheck, foi realizada pelos veículos Sistema Jornal do Commercio, A Gazeta, piauí, Folha e SBT.
Projeto Comprova
Esta reportagem foi elaborada por jornalistas do Projeto Comprova, grupo formado por 33 veículos de imprensa brasileiros, para combater a desinformação. Em 2018, o Comprova monitorou e desmentiu boatos e rumores relacionados à eleição presidencial. A edição de 2019 foi dedicada a combater a desinformação sobre políticas públicas. Agora, na quarta fase, o Comprova retoma o monitoramento e a verificação de conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal e eleições municipais, além de continuar investigando boatos sobre a pandemia de covid-19. O SBT faz parte dessa aliança.
Desconfiou da informação recebida? Envie sua denúncia, dúvida ou boato pelo WhatsApp 11 97795 0022.