CoronaVac diminuiu em 95% as mortes por covid-19 em Serrana
Estudo clínico conduzido pelo Instituto Butantan vacinou próximo de 95% da população adulta do município
O estudo clínico de imunização em massa contra a covid-19 com a vacina CoronaVac, no município de Serrana (SP), fez os casos sintomáticos diminuírem 80%, as internações, 86%, e as mortes em 95% após a segunda vacinação do último grupo.
A Pesquisa S, estudo clínico de efetividade inédito no mundo realizado pelo Instituto Butantan, constatou a redução ao comparar dados do início do projeto até a completa imunização de todos os grupos com o restante do trimestre avaliado (fevereiro, março e abril de 2021).
Outro resultado apontado pelo estudo mostra que a vacinação protege adultos que receberam as duas doses, bem como crianças e adolescentes com menos de 18 anos que não foram vacinados, explica Ricardo Palacios, diretor do estudo e de ensaios clínicos do Instituto Butantan: "A redução de casos em pessoas que não receberam a vacina indica a queda da circulação do vírus. Isso reforça a vacinação como uma medida de saúde pública, e não somente individual".
Foi observado que, além da queda das infecções, os moradores que transitam em outras cidades não trouxeram aumento relevante nos casos. O projeto criou uma barreira coletiva contra o vírus, uma espécie de "cinturão imunológico".
"As importantes conclusões do estudo poderão embasar as estratégias de imunização no Brasil e no mundo, e oferecem uma esperança do controle da pandemia com vacinas como a CoronaVac", afirma o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas. "Não precisamos criar ilhas para atingir a imunidade da população", complementa Ricardo Palacios. "Nós conseguimos satisfazer a vontade das pessoas de retomarem suas vidas quando a vacina é ofertada. Isso nos gera uma luz de esperança", acrescenta o diretor.
Durante oito semanas, de fevereiro a abril, cerca de 27 mil moradores do município receberam o esquema vacinal completo: duas doses da CoronaVac com intervalo de 28 dias entre a primeira e a segunda, o que corresponde a uma cobertura próxima de 95% da população adulta, segundo censo de saúde feito previamente pelo Instituto Butantan.
"O resultado mais importante foi entender que podemos controlar a pandemia mesmo sem vacinar toda a população. Quando atingida a cobertura de 70% a 75%, a queda na incidência foi percebida até no grupo que ainda não tinha completado o esquema vacinal", finaliza Palacios.