Jornalismo
Diretor da Anvisa rebate Ricardo Barros: "Causou um mal muito grande"
Líder do governo na Câmara disse que vai 'enquadrar' a Anvisa para agilizar aprovação de vacinas
SBT News
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O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, classificou como um desserviço para o Brasil as declarações dadas pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros.
"Acho que foi um grande desserviço que o Ricardo Barros prestou, hoje, aos esforços nacionais. Eu lamento profundamente. Ele é um homem culto, que tem uma missão muito importante a desempenhar, mas, hoje, lamentavelmente, eu acho que ele causou um mal muito grande a essa agência".
O parlamentar disse, em entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo", que vai "enquadrar' a agência reguladora. Afirmou, ainda, que os diretores da Anvisa estão "fora da casinha" e "nem aí" para a pandemia.
O diretor da Anvisa rebateu o congressista em declaração ao SBT News: "Normalmente, o enquadramento é dito do superior em relação ao subordinado. A agência é uma agência de estado, não é uma agência do governo. Então eu confesso a você que eu também não entendi essa questão do enquadramento".
Barra Torres também disse que as falas podem prejudicar o andamento dos trabalhos dos técnicos: "Eu tenho aqui uma gama de servidores que estão profundamente perturbados, consternados com essas declarações do líder do governo. Então eu acho que foi um mal que foi feito, um mal desnecessário, são pessoas honestas, são pessoas honradas, são pessoas que foram aprovadas por concurso público".
Depois de ser atacado pelo líder do governo, o diretor da Anvisa foi o convidado da live semanal de Jair Bolsonaro, o que pode ser lido como um sinal de prestígio junto ao presidente. Na transmissão, Bolsonaro chegou ainda a declarar que a agência "não pode sofrer pressão de quem quer que seja" - embora sem citar o nome de Ricardo Barros.
O líder do governo, por outro lado, tem um histórico conturbado com a agência. Quando era ministro da Saúde, no governo Michel Temer, Barros já reclamava do suposto excesso de burocracia. Barros também foi alvo de uma ação do Ministério Público Federal em um caso envolvendo a Anvisa. A investigação refere-se a um contrato de cerca de R$ 20 milhões cujos medicamentos não foram entregues porque a Anvisa barrou a importação.
O nome do parlamentar circula como um possível substituto de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde. O general é investigado pela Polícia Federal em um inquérito que apura a sua conduta em relação à crise sanitária no Amazonas.
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