ANÁLISE: Acorda Brasil, por Carlos Nascimento
Leia a análise do âncora do SBT Brasil sobre a situação da saúde pública brasileira
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Agora é o momento de juntar forças para combater o vírus, não dividi-las. Cada dose da vacina deve ser aproveitada como ouro. Foto: Unsplash
Há uma semana previmos o que aconteceria com a vacinação da Covid se não houvesse uma liderança com conhecimento, liberdade e credibilidade para comandar a campanha. Este é um assunto médico, científico e epidemiológico e não apenas um movimento logístico e muito menos político.
A reunião de ontem mostrou que vamos continuar batendo cabeça com os estados e a União optando por soluções diferentes. O resultado é que a população brasileira corre o risco de ver repetido o desastre que foi e está sendo o enfrentamento da pandemia.
Com exceção daqueles empenhados em salvar vidas nas UTIs, enfermarias, prontos-socorros e hospitais, públicos e particulares, nas unidades do SUS e centros de triagem dos estados e prefeituras municipais.
Teríamos perdido muito mais de 178.159 vidas não fosse a determinação e a coragem de médicos, enfermeiros, laboratoristas, pesquisadores, biomédicos, técnicos de enfermagem, equipes de ambulâncias e de funcionários dos hospitais que entram em ambientes contaminados pelo vírus para que outros continuem vivendo.
A hora é de juntar forças e não dividi-las.
Cada dose de vacina que entrar no País, desde que aprovada pelas agências de Saúde internacionais e liberada pela Anvisa deve ser aproveitada como ouro.
Não importa quem comprou e quem distribuiu. Importa aproveitar cada centavo com sabedoria.
Por ridículo que pareça estamos no caminho de repetir a patetice de jogar fora os exames comprados para detectar a Covid, agora sob risco de perderem a validade sem ter sido usados. Sem contar que algumas autoridades falam em vacinação sem o resultado dos testes, o atraso na negociação com os fabricantes e um prazo de sessenta dias para a análise de um pedido de vacina.
No fundo desse imbróglio está o absurdo de grupos de brasileiros negarem a gravidade - e até a existência da Covid - e se movimentarem de novo para por em dúvida a eficácia da vacina. Não respeitam sequer o recrudescimento da pandemia que está enchendo os hospitais e ameaçando a vida de novos cidadãos.
O Brasil já foi referência internacional em inúmeras campanhas de vacinação e sempre soube fazer isso - com as lideranças certas, competentes e desvinculadas de brigas políticas e picuinhas pessoais.
Que todos entendam : não é hora de ganhar eleições, de promover candidaturas, de salvar a reputação de governos e muito menos de apostar no insucesso da vacinação.
É hora de nos organizarmos para defender as pessoas e honrar a competência da Saúde Pública brasileira perante o mundo.
Ou vamos confirmar um fiasco que já custou centenas de milhares de vidas.
*O jornalista Carlos Nascimento é âncora do SBT Brasil
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