Mauro Vieira vai à Palestina discutir cessar-fogo em Gaza
Itamaraty disse que chanceler vai reiterar, em reuniões, compromisso do Brasil "com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança"
Guilherme Resck
O Itamaraty informou nesta quinta-feira (14) que o chanceler do Brasil, Mauro Vieira, fará ainda neste mês visitas a quatro cidades do Oriente Médio. São elas Amã, capital da Jordânia; Ramala, na Palestina; Beirute, capital do Líbano; e Riade, capital da Arábia Saudita.
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O roteiro terá início nesta sexta-feira (15). Em cada cidade, Mauro Vieira se encontrará com representantes do Estado.
De acordo com o Itamaraty, nos encontros, o ministro "passará em revista os principais pontos da agenda bilateral do Brasil com os respectivos países, sobretudo em temas como cooperação técnica, comércio e investimentos".
Além disso, vai tratar de questões regionais "de relevância e interesse mútuo, em particular o conflito e a aguda crise humanitária que atingem a Faixa de Gaza e sua população, bem como as perspectivas para estabelecimento de um cessar-fogo e eventual retomada de negociações voltadas a alcançar paz duradoura para o Oriente Médio".
Mauro Vieira vai reiterar, nas reuniões, o compromisso do Brasil "com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas".
O comunicado do Itamaraty ressalta ainda que as relações do Brasil com os países do Oriente Médio "são marcadas, de forma muito positiva, pela presença, em nosso país, de expressiva comunidade de origem árabe, o que contribui para a fluidez e amizade que tradicionalmente caracterizam o diálogo do Brasil com aquela região".
Audiência no Senado
Nesta quinta-feira (14), Mauro Vieira participou de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado. Na ocasião, disse que é preciso condenar e repudiar "a atrocidade do ataque terrorista sofrido por Israel" em 7 de outubro de 2023.
"Sim, Israel tem o direito de defender sua população, mas isso tem que ser feito dentro de regras do direito internacional".
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Segundo o chanceler, a cada dia que passa, porém, "resta claro que a reação de Israel ao ataque sofrido tem sido extremamente desproporcional e não tem como alvo somente aqueles responsáveis pelo ataque, mas todo o povo palestino".
O ministro ressaltou que, até o momento, são mais de 32 mil mortos e 73 mil feridos na Faixa de Gaza durante a guerra, 70% dos quais mulheres e crianças. Ele ressaltou, além disso, que há mais de 7 mil desaparecidos.
Do lado israelense, ele pontuou que foram 1.112 mortos no ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023, e 251 soldados morreram desde a invasão de Gaza pelo exército de Israel.
"A questão é quantas vidas mais serão perdidas até que todos atuem para impedir o morticínio em curso. É nesse contexto de profunda indignação que se inserem declarações do presidente Lula. São palavras que expressam a sinceridade de quem busca preservar e valorizar um valor supremo que é a vida humana", acrescentou.