Com foco em segurança pública, Lewandowski toma posse como ministro da Justiça nesta quinta-feira
Ex-ministro do STF assume cargo de Dino; cerimônia de posse está programada para ocorrer no Palácio do Planalto, às 11h
O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski toma posse como ministro da Justiça e Segurança Pública nesta quinta-feira (1). A cerimônia está programada para ocorrer no Palácio do Planalto, às 11h. Lewandowski ocupará a cadeira do ministro Flávio Dino, que deixou o cargo para ser ministro no Supremo.
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Dino e Lewandowski se reuniram em 23 de janeiro para iniciar a transição do ministério. Alguns nomes que irão compor a pasta já foram divulgados pelo político, como Ana Maria Neves, para a chefia de gabinete do ministro, Mário Sarrubbo, para a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), e Manoel Carlos Neto, para a Secretaria-Executiva.
A equipe completa deve ser divulgada ainda hoje. Após a cerimônia de posse, Lewandowski se encontrará com Dino no Ministério da Justiça, onde deve fazer o anúncio.
A expectativa é que Lewandowski foque na área de Segurança Pública. O ministro terá que lidar com o crescimento do crime organizado e das milícias no Rio de Janeiro, para onde Dino já enviou agentes da Força Nacional. Na Bahia, uma crise entre facções criminosas também deve ser um desafio para a pasta.
“Temos um desafio, que é uma preocupação do cidadão comum, que é o desafio com a segurança. A insegurança, a criminalidade, o crime organizado, que afeta não apenas as classes mais abastadas, mas afeta também o cidadão mais simples é uma pauta que precisa ser enfrentada. Vamos dar atenção a essa questão”, garantiu Lewandowski.
Quem é Ricardo Lewandowski?
Enrique Ricardo Lewandowski nasceu em 11 de maio de 1948, no Rio de Janeiro. Formou-se em ciências políticas e sociais, pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1971) e possui bacharelado também em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (1973).
É mestre (1980), doutor (1982) e livre-docente em direito do Estado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (1994). Nos Estados Unidos, conseguiu o título de Master of Arts, na área de relações internacionais, pela Fletcher School of Law and Diplomacy, da Tufts University (1981).
De 1974 a 1990, militou na advocacia. Foi conselheiro da Ordem dos Advogados - Seção de São Paulo (1989 a 1990). Ocupou os cargos de secretário de Governo e de Assuntos Jurídicos de São Bernardo do Campo (1984 a 1988) e de presidente da Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo - EMPLASA (1988 a 1989).
Ele ingressou na magistratura como juiz do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo, pelo Quinto Constitucional da classe dos advogados (1990 a 1997). Foi promovido a desembargador do Tribunal de Justiça (TJSP), por merecimento, onde integrou, sucessivamente, a Seção de Direito Privado, a Seção de Direito Público e o Órgão Especial (1997 a 2006). Além disso, exerceu o cargo de vice-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (1993 a 1995).
Foi ministro do Supremo Tribunal Federal -- indicado e nomeado por Lula -- de 16 de março de 2006 a 11 de abril de 2023. Exerceu a Presidência da Corte e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de 2014 a 2016. Ele presidiu o julgamento do impeachment de Dilma Rousseff (PT) no Senado Federal, em agosto de 2016.
Foi ainda ministro do Tribunal Superior Eleitoral (2006 a 2012). Ocupou a Presidência da Corte Eleitoral de 2010 a 2012. No período, coordenou as eleições gerais de 2010, em que defendeu a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa. Exerceu interinamente o cargo de presidente do Brasil de 15 a 17 de setembro de 2014.
No STF, relatou ações de grande repercussão nacional, como a implantação das cotas raciais em universidades públicas e também do processo que proibiu o nepotismo em órgãos públicos. Em 2013, foi o ministro revisor do processo do mensalão, quando teve uma forte discussão com o então presidente do Supremo, Joaquim Barbosa. Em 2018, autorizou Lula a conceder entrevista da prisão.
Em 2021, votou para a concessão de um habeas corpus para reconhecer a suspeição do ex-juiz Sergio Moro na condução da ação penal que culminou na condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro referentes ao triplex em Guarujá (SP).
Como presidente do CNJ, foi responsável, além de outras ações, pela implantação das audiências de custódia, nas 27 unidades da federação brasileira.
É professor titular e livre-docente pela Faculdade de Direito da USP. Escreveu, organizou e prefaciou diversos livros. Foi agraciado com vários títulos de cidadania e diversas condecorações, como as Medalhas da Ordem de Rio Branco, do Mérito Naval, do Mérito Militar, do Mérito Aeronáutico e do Congresso Nacional.