Dino se diz contra criação de novo ministério e silencia sobre STF: "Tema que não penso é sair daqui"
Ministro da Justiça não apoia pasta separada para a Segurança Pública e adotou discrição ao comentar possível indicação ao Supremo
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse não apoiar a criação de uma pasta separada para a segurança pública e adotou discrição ao comentar possível indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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As declarações foram dadas em coletiva de imprensa após lançamento de programa de combate às organizações criminosas, orçado em R$ 900 milhões.
Ministério da Segurança Pública e resposta a críticas
Na conversa com jornalistas, Dino respondeu às críticas que vem sofrendo pela atuação do ministério para conter a onda de violência na Bahia e no Rio de Janeiro. "Há um lugar-comum errado segundo o qual o problema é a falta do Ministério da Segurança Pública. Isso é erro gravíssimo, na minha ótica", declarou.
"Não haveria a reação imediata no dia 8 de janeiro se o ministério estivesse separado. Foi a integração que permitiu a resposta rápida", completou. O ministro reforçou que o "Brasil já tem um Ministério da Segurança Pública, que é este". "90% do meu tempo, da minha agenda é segurança pública", explicou.
Violência na Bahia e intervenção federal
Sobre as mais de 60 mortes registradas na Bahia em confrontos entre suspeitos de integrar facções criminosas e a polícia, Dino disse que lamenta "todas as vítimas" e que a morte de agentes, como a do policial federal Lucas Caribé, "dói na alma".
"Lamentamos que o uso da força tenha levado a dezenas de vítimas. Não queremos isso, somos contra isso. É uma circunstância concreta que lá está e demanda esforço sério de diálogo, revisão de métodos para chegar naquilo que é adequado", afirmou.
Novamente, como fez durante o lançamento do programa, quando disse que "intervenção federal não é varinha de condão", Dino se disse contra o uso dessa medida.
"Não é nossa prática. Porque deu errado. Quem quiser consultar a história, veja quantas GLOs (Garantia da Lei e da Ordem) foram feitas, quantas intervenções foram feitas. Que resultaram em trabalho para a PF. Não vamos cometer erros do passado", complementou.
Possível indicação ao Supremo
Na coletiva, Dino falou em "postura de absoluto silêncio" em relação à possível indicação ao STF por Lula e de respeito à decisão do presidente. "É coerente com o que está na minha cabeça. Tema que não trato e não penso é sair daqui. Tempo dele [de Lula], escolha dele, critério dele", comentou.
O secretário-executivo do ministério, Ricardo Cappelli, número 2 de Dino na pasta, aproveitou o papo com jornalistas para falar sobre duas polêmicas em torno dele: o bloqueio a quem o critica nas redes sociais e a declaração à CNN Brasil em que disse que "não se enfrenta o crime organizado com fuzil com rosas".
Cappelli afirmou que já desbloqueou dois jornalistas, mas criticou o que chamou de agressões e insinuações de que ele é racista, genocida e oportunista. "Convido a virem aqui sem problema algum", falou.
Sobre a fala à CNN, Dino se adiantou e esclareceu que a declaração vai ao encontro às ações adotadas pelo ministério, de prevenção, inteligência e combate ao crime.
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