Países amazônicos fecham acordo sem meta comum para desmatamento
Texto apenas salienta urgência de evitar que o bioma atinja ponto de não retorno
Camila Stucaluc
A Declaração de Belém, principal documento da Cúpula da Amazônia, frustrou expectativas quanto à adoção conjunta de medidas para preservar o bioma. Isso porque o texto, divulgado na 3ª feira (8.ago), não apresenta uma meta comum para o desmatamento zero até 2030 - ponto defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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No documento, os países amazônicos apenas salientam "a urgência de pactuar metas comuns para 2030 para combater o desmatamento e erradicar e interromper o avanço das atividades de extração ilegal de recursos naturais". Para isso, as nações anunciaram a criação da Aliança Amazônica de Combate ao Desmatamento entre os Estados Partes.
O mecanismo terá, segundo o texto, "o objetivo de promover a cooperação regional no combate ao desmatamento e de evitar que a Amazônia atinja o ponto de não retorno, reconhecendo e promovendo o cumprimento das metas nacionais". O texto é visto como uma derrota para o Brasil que, durante as negociações, defendeu a adoção de uma meta comum para o desmate zero.
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"Esse é um acordo bastante inicial. Um primeiro passo, mas que ainda não oferece nenhuma resposta concreta ao mundo em que estamos vivendo. O planeta está derretendo, estamos batendo recordes de temperatura todos os dias. Não é possível que, num cenário como esse, oito países amazônicos não consigam colocar numa declaração, em letras garrafais, que o desmatamento precisa ser zero. Em resumo, o documento pecou pela falta de contundência. Ele é uma lista de desejos, e os desejos são insuficientes", disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.