Recompra: valor previsto pelo governo não cobre nem 5% das pistolas 9 mm vendidas
Governo falou em R$ 100 milhões para o programa. Dinheiro seria suficiente para pagar por 20 mil armas
O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que há uma expectativa de que o fundo para a recompra de armas adquiridas por caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro chegue a R$ 100 milhões.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
O valor, no entanto, passa longe de ser suficiente para financiar a devolução de todo o armamento comprado legalmente nos últimos anos e, agora, novamente restrito às forças policiais.
A depender da confirmação do recurso, menos de 20 mil armamentos poderiam ser recomprados, isso considerando um preço médio de R$ 5 mil.
De 2019 a 2022, foram adquiridas 939 mil armas, entre revólveres, pistolas e fuzis.
Uma das armas mais compradas no período é justamente a pistola 9 mm, que voltou a ser restrita a partir das regras do governo Lula.
Números extra-oficiais apontam que pelo menos 500 mil dessas armas foram autorizadas pelo Exército neste período.
Ou seja, com o valor previsto o governo não conseguiria comprar nem 5% do total de pistolas 9 mm vendidas nos últimos anos.
O programa de recompra das armas ainda vai precisar ser regulamentado por portaria, como mostrou o SBT News.
Durante o anúncio, na última 6ª feira (21.jul), Dino afirmou que a devolução das armas que deixaram de ser permitidas não será obrigatória. O ministro explicou que o governo irá adotar dois caminhos: incentivar a venda das armas para o governo (dentro do programa de recompra com R$ 100 milhões previstos) e apertar os prazos para a renovação do porte. "Vamos encurtar registros de armas como forma de mostrar que ter uma arma é um ônus", disse.
"Não previmos a obrigatoriedade de devolução, optamos por um caminho progressivo e de persuasão, mediante incentivo econômico, mas podemos mudar isso. Alguém que tinha 30 armas e agora tem um limite de 12, significa que ele não pode comprar mais armas para frente", explicou o ministro.