Exclusivo: confira a íntegra da entrevista do presidente Lula ao SBT News
Na conversa com a jornalista Débora Bergamasco, Lula falou sobre política, saúde e até comentou futebol
SBT News
O presidente Lula concedeu, nesta 5ª feira (6.jul), entrevista exclusiva à jornalista Débora Bergamasco, do SBT. Na conversa, Lula falou sobre ações do governo, política - nacional e internacional -, sobre a sua saúde e comentou a escolha do novo técnico da Seleção Brasileira de futebol.
Lula falou sobre a relação com o setor agrícola. "O agronegócio nunca votou em mim. Eu não me preocupo com isso", disse. "Nós fizemos um Plano Safra para atender aos interesses soberanos do país, que atingem o agronegócio. Eu nunca vou perguntar se o cara votou em mim. O Plano Safra está aí para a agricultura brasileira", afirmou.
O presidente também lembrou a destinação de recursos dentro do programa para pequenos e médios agricultores. "Um cidadão que tem vinte mil alqueires de soja, não tem uma galinha caipira para ele comer, não cria um porquinho. Ele vai comprar do pequeno", disse.
Florestas
O presidente também comentou o andamento das articulações com países em desenvolvimento que preservam florestas na negociação com países ricos. "Nós temos, em agosto, uma reunião com todos os países da América do Sul, em Belém, para discutir a questão da preservação da nossa floresta, vamos trazer a Indonésia para participar,e os dois Congos, que são os países que tem a maior quantidade de floresta em pé", contou.
Lula detalhou que o objetivo é "chegar nos Emirados Árabes, na Cop 28, com o projeto único dos países que tem floresta para mostrar ao mundo: nós temos o que preservar, mas para preservar é preciso que vocês contribuam porque nas nossas florestas. Nelas moram 50 milhões de pessoas. Essas pessoas comem, querem trabalhar, querem ter acesso a bens materiais e precisamos garantir que elas vivam com dignidade."
"O mundo rico precisa cumprir com aquilo que promete. Desde 2009 que o mundo rico prometeu 100 bilhões de dólares e ainda não cumpriu", completou o presidente.
Joe Biden
O presidente comentou a candidatura do presidente Joe Biden à reeleição dos EUA e afirmou que a disposição do norte-americano de encarar uma nova disputa era um "estímulo" para concorrer novamente.
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"Nesses dias eu fui a Hiroshima, encontrei com o presidente Biden e eu perguntei se era verdade que ele iria concorrer. Ele falou 'vou'. Eu falei, isso é um estímulo, eu sou mais novo do que ele", disse.
Ao falar de ações do governo, Lula confirmou que o Desenrola Brasil deve começar a funcionar em setembro e que o programa "atrasou" por causa do desenvolvimento do aplicativo que será usado para renegociar as dívidas, que ainda não está disponível.
A portaria que define as regras do Desenrola foi publicada no Diário Oficial no dia 28 de junho.
Segundo o presidente, o foco do programa será a quitação das dívidas de menor valor, que são "a grande maioria".
Perguntado sobre a relação do governo com o Centrão, Lula diz que não costuma utilizar esse termo. "É uma apelido que se deu num momento histórico em que eu estava como deputado na Constituinte. Que era para evitar que a gente tivesse muitos avanços na área social", explica. Lula defendeu "acordos necessários" para a governabilidade.
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Futebol
Lula falou ainda sobre a escolha da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) por Fernando Diniz para o comando da Seleção Brasileira. Lula disse ser fã de Diniz, avalia que ele tem "personalidade, criatividade e comando do vestiário" e acha que "vai aproveitar bem" essa oportunidade.
Mas ponderou sobre a geração atual de atletas brasileiros. "O problema é que a gente não tem hoje a qualidade dos jogadores que a gente já teve em outras épocas. Nós estamos numa entressafra não muito boa", comentou.
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"A molecada sai do Brasil com 16, 17, 18 anos e só volta com 36, 37, 38. Nós apresentamos um trabalhador no ápice e o contratamos aposentado", disse o presidente.
Lula destacou que o governo vai ter candidato à reeleição, mas que não vai permitir que ministros façam campanha antecipada.
Saúde
Lula descartou fazer uma cirurgia no quadril antes de viagens internacionais marcadas até o começo do ano que vem.
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"Esse é o tipo da cirurgia que é o paciente que escolhe, não é o médico que decide. Eu fui orientado o seguinte: o fêmur, quando ele tá desgastado, ele vai doendo, você vai se virando. Por enquanto, eu não penso em fazer a cirurgia", explicou.
Apesar disso, Lula não descartou a realização do procedimento no futuro e disse que tem conversado com pessoas que já fizeram a mesma cirurgia. Lula sofre dores com o atrito da cabeça do fêmur com ossos do quadril. Na última semana, ele cancelou a ida ao "Arraial do PT" por causa do problema.
"A senadora Leila (PDT-DF), ela mesmo já fez essa cirurgia, ela é uma das que me dá conselho, 'faça que quando você fizer você vai pro céu, porque não vai doer mais, você não vai sentir mais nada", brincou.