Lula fala sobre negociações com Congresso: "não é só ganhar a eleição"
Em evento na UFABC, presidente afirmou que para governar é necessário dialogar "com que não gosta da gente"
Giovanna Colossi
Em São Paulo para a inauguração da nova estrutura da Universidade Federal do ABC (UFABC), que abriga o Bloco Zeta de Laboratórios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mencionou a votação no apagar das luzes da Medida Provisória de reestruturação dos ministérios no Congresso.
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Para apoiadores e alunos da universidade, o petista afirmou que não se governa sozinho, e que é importante que as pessoas saibam a "correlação de força no Congresso Nacional".
"Nós vamos ter que recuperar esse país e não vamos recuperar sozinho. É importante vocês saberem a correlação de força no Congresso Nacional. A esquerda toda tem no máximo 136 votos. Isso se ninguém faltar. Ou seja, para votarmos uma coisa simples, precisamos de 257. E para aprovar uma emenda constitucional é maior ainda o número de deputados que precisamos, então é preciso que vocês saibam o esforço para governar. É importante que vocês saibam que não é só ganhar uma eleição", disse Lula.
"Ontem, a gente corria o risco de não ser aprovado o sistema de organização do governo que fizemos. E aí, você não tem que procurar amigo, você tem que conversar com quem não gosta da gente, com que não votou na gente. É um esforço, e, eu posso dizer pra vocês, eu, hoje, aos 77 anos, eu estou muito mais otimista do que eu estava no primeiro mandato", reforçou
Após intensa negociação entre governo e parlamentares, a Medida Provisória (MP) de reestruturação dos ministérios foi aprovada no fim da noite de 4ª feira (31.mai) pela Câmara, por 337 favoráveis, 125 contrários e uma abstenção.
A expectativa era de que o texto fosse votado na 3ª feira, mas a falta de apoio de deputados à MP do governo Lula adiou a votação por quase 24 horas. No meio tempo, um montante de R$ 1,7 bilhão em emendas parlamentares foi liberado pelo Executivo. O dia também foi de conversas entre representantes do governo e parlamentares. Lula chegou a falar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) por telefone.
O texto chegou para votação no Senado no último dia para que a MP caducasse ou fosse rejeitada. Caso não tivesse sido aprovada pelo plenário do Senado, na 5ª feira (1º.jun), o governo perderia 17 pastas, como o Ministério da Cultura e dos Povos Indígenas. Foram 51 votos favoráveis, 19 contrários e uma abstenção para que o Executivo mantivesse 37 ministérios.
Taxas de Juro
Ao lado de vários dos seus ministros, entre eles Fernando Haddad, da Fazenda, Lula também voltou a mencionar a alta taxa de juros no país, definido em 13,75% pelo Banco Central.
"Eu tomei uma decisão de que no nosso governo, quando se fala em fazer uma universidade, creche, a gente não pode mais usar a palavra 'gasto', a palavra tem que ser 'investimento'....Gasto é a gente pagar 13,75% de juro para o sistema financeiro desse país", criticou.