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"Brasil será parceiro da integração regional", diz Mercadante

Novo presidente do BNDES falou sobre relação com países da América Latina durante posse, nesta 2ª

"Brasil será parceiro da integração regional", diz Mercadante
Aloizio Mercadante, Lula e Alckmin de mãos dadas
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O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, tomou posse nesta 2ª feira (6.fev), em uma cerimônia no Rio de Janeiro, citando o desafio de presidir o banco público.

"Sou de uma geração que lutou muito pela redemocratização do país. Tomo posse em um momento extremamente desafiador, no qual o Brasil sofreu a ameaça mais grave ao Estado Democrático de Direito desde o fim da ditadura militar. O respeito à soberania do voto, às instituições democráticas e à Constituição brasileira é uma exigência fundamental para a nova diretoria do BNDES e para toda a sociedade brasileira", disse ele.

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Mercadante afirmou que toma posse para construir um BNDES do futuro. "Estamos aqui não para debater o BNDES do passado, mas para construir o BNDES do futuro. Que será verde, inclusivo, tecnológico, digital e industrializante", afirmou.

O político experiente -- já foi deputado, senador e ministro do governo Dilma -- lembrou que a industrialização e a modernização da infraestrutura do país passa pelo banco público. Ainda segundo ele, uma das pautas fundamentais para o BNDES será o projeto de construção de 'Eximbank', um Banco de Exportação e Importação, a exemplo do que já existe nas principais economias do mundo. "Nós precisamos exportar, ganhar escala e se integrar nas cadeias globais de valor", afirmou.

"Não pretendemos disputar mercado com sistema financeiro privado", disse Mercadante ao falar sobre crédito e taxa de juros competitivas para micro, pequenas e médias empresas. Segundo ele, o BNDES disponibilizará R$ 65 bilhões por meio de crédito indireto e alavancagem via garantias de crédito privado, para o que ele chamou de "grandes geradoras de emprego e renda"

Política internacional

"O Brasil voltou à política internacional", disse Mercadante. Segundo ele, nós saímos da condição de párea internacional, herdada do governo anterior, para voltarmos a ser uma grande liderança mundial e um país respeitado.

Para isso, disse ele, é fundamental para o Brasil a parceria com países da América Latina e a integração com todo o Sul Global.

"O Brasil é mais da metade do território, do PIB e da população da América do Sul. Estamos, irrevogavelmente, inseridos nesse contexto geográfico e histórico", afirmou. Por isso, o BNDES será, nessa nova gestão, um banco parceiro do desenvolvimento e da integração regional.

Meio ambiente

O novo presidente do BNDES afirmou que o sistema econômico e financeiro precisa enfrentar a emergência climática e social para que o planeta tenha chance de "sobreviver e prosperar".

Para isso, é preciso, segundo ele, "enterrar de vez o obtuso negacionismo climático que nos tornou o grande vilão ambiental do planeta. O BNDES precisa apoiar a transição justa para a economia de baixo carbono, bem como promover a inclusão produtiva e a reurbanização inteligente visando construir cidades do futuro".

"Não haverá futuro se nós não preservarmos a Amazônia e outros biomas", disse Mercadante. Destacando que o Fundo Amazônia, reativado no governo Lula (PT), voltará a ser gerido pelo BNDES, ele citou três diretrizes fundamentais para sua administração: 

  • reconstruir as condições para enfrentar o desmatamento, a partir das operações de comando e controle;
  • viabilizar projetos estruturais e com escala, que gerem desenvolvimento sustentável e mantenham a floresta em pé, protegendo e atendendo de forma emergencial os vulneráveis -- especialmente os Yanomamis;
  • desenvolver a estrutura, a indústria limpa e a pesquisa científica, gerando novas oportunidades de emprego e renda para 28 milhões de habitantes na região.

Desigualdade racial e de gênero

"Seremos promotores de uma sociedade mais justa e inclusiva por meio de nossas linhas de crédito e das ações de fomento que empoderem economicamente mulheres, negros e negras deste país", afirmou Aloizio Mercadante. Segundo ele, o combate à desigualdade de gênero e de raça será parte da estratégia de negócio do BNDES.

Além disso, ele prometeu uma diretoria plural, programas de estágios para negros e negras e a retomada de concursos para o BNDES com políticas de cotas.

Por fim, Mercadante anunciou que, sob coordenação da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco -- que estava presente na cerimônia -- o BNDES vai desenvolver um museu sobre a história da escravidão no país.

"Não podemos esquecer essa chaga. O museu ficará localizado no Valongo [cais, no Rio de Janeiro], que foi a porta de entrada que recebeu mais escravos africanos em toda a história da humanidade".

No fim de seu discurso, Mercadante se emocionou ao falar da posse do presidente Lula. "Quando ele subiu pela terceira vez a rampa do Planalto, a mesma rampa que seria uma semana depois barbaramente violentada pelos golpistas, ele não subiu sozinho. Com ele, subiu a mãe desesperada que não tem o que dar de comer para seus filhos. Com ele subiram 33 milhões de brasileiros que passam fome e os 10 milhões de desempregados", disse ele. "Trabalharemos unidos por essa eterna grande causa chamada Brasil", completou.

Alckmin e Lula também discursaram

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que o Brasil vive um bom momento e é "a bola da vez" na política externa desde a eleição de Lula. Ele também lembrou que, em 30 dias, o presidente fez contatos que "recolocaram o Brasil no mapa".

"O presidente Lula trouxe confiança. O que ele falou a campanha inteira: estabilidade, previsibilidade, credibilidade", disse ele.

Alckmin falou, ainda, da proposta de criação de 'Eximbank'. "Financiar as exportações brasileiras é emprego no Brasil. É fortalecer as empresas brasileiras, para que elas possam exportar e melhorar competitividade", completou.

Lula afirmou que o BNDES foi alvo de difamação durante todo o processo eleitoral. "Este banco foi vítima de difamação muito grave durante o último processo eleitoral. As narrativas, mesmo que mentirosas, valem mais do que verdades ditas muitas vezes. Vivemos nos últimos quatro anos um processo de mentira tresloucada", disse o presidente.

"O BNDES nunca deu dinheiro para país amigo do governo, o banco financiou serviço de engenharia de empresas brasileiras e nada menos que 15 países da América Latina e do Caribe, entre 1998 e 2017", afirmou Lula.

O presidente lembrou, em seu discurso, que há sim contratos com pagamentos em atraso, mas todos cobertos por garantia. Ele acredita que os países que não pagaram fizeram isso após o governo de Jair Bolsonaro (PL) cortar relações com Cuba e Venezuela.

"Eu tenho certeza que no nosso governo esses países vão pagar, porque são todos países amigos do Brasil e certamente pagarão a dívida que têm com o BNDES", disse ele.

Estiveram presentes na cerimônia, ainda, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), a ex-presidenta da República, Dilma Rousseff e a primeira-dama Janja da Silva.
 

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