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Pistola liberada por Bolsonaro bate novo recorde de apreensões no DF

Em 10 meses, arsenal apreendido da 9mm ultrapassou todo o ano de 2021

Pistola liberada por Bolsonaro bate novo recorde de apreensões no DF
Armas à venda
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A pistola 9mm é a recordista de apreensões no Distrito Federal nos primeiros 10 meses de 2022. Com restrições de compra, posse e porte até o início do governo Jair Bolsonaro (PL), a arma foi uma das liberadas por decretos e portarias a partir de 2019.

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Números obtidos pelo SBT News, via Lei de Acesso à Informação (LAI), revelam uma expectativa de crescimento de 50% nas apreensões da 9mm em relação a 2021, ano em que já foi possível identificar recordes nas buscas e operações da Polícia Civil relacionadas à pistola.

De janeiro a outubro deste ano, foram apreendidas 302 pistolas 9mm, contra 236 em 2021. Se os números atuais -- ainda abertos, a dois meses do fim do ano -- forem comparados com os de 2019, início do governo Bolsonaro, o crescimento ultrapassa os 600%.

Até antes das portarias e decretos de Bolsonaro em 2019, para cada pistola apreendida no Distrito Federal, considerando todos os calibres, mais de dois revólveres eram recolhidos. Em 2021, tal proporção chegou a quase um para um, com leve vantagem para revólveres.

+ Os senhores das armas no Brasil

Dados atuais, dos 10 primeiros meses, mostram que o número de pistolas apreendidas no Distrito Federal ultrapassou o dos revólveres: de 621 para 537, respectivamente. O modelo campeão foi o 9mm, ganhando, inclusive, do modelo .38 -- recordista em anos anteriores.

As causas

"Até 2017 era proibido que os CACs circulassem armados pelas ruas, o que mudou com a portaria 51 do Exército, que permitiu que eles andassem armados nos trajetos entre residências e clubes de tiro", diz Roberto Uchoa, policial federal e pesquisador.

Uchoa, ex-chefe do Sistema Nacional de Armas (Sinarm) da PF no Rio de Janeiro, explica que outra portaria, número 150, revogou a anterior e passou a permitir que CACs circulassem armados em qualquer trajeto, mas que tivessem como destino clubes de tiro.

"Na prática isso possibilitou que os CACs passassem a circular armados e, quando parados por policiais, alegassem que estavam indo para clubes. Desde então isso tem sido 'vendido' por despachantes de armas como um 'porte de armas' de CACs", diz Uchoa.

Ao SBT News, policiais e investigadores afirmaram que parte do arsenal apreendido é formado por armas novas, de CACs. "Com os decretos de Bolsonaro as pistolas de calibre 9mm se tornaram acessíveis a todos, já que eram de calibre restrito a forças armas e de segurança e passaram a ser de calibre permitido", afirma Uchoa, que é autor do livro "Armas para quem?", iniciado a partir de uma dissertação de mestrado na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.

"Desde então as vendas desse tipo de arma e calibre dispararam e passaram a ser a mais vendida do país, o que é corroborado pelo aumento vertiginoso no número de apreensões. Portanto, na verdade temos uma enxurrada desse tipo de arma no mercado, adquiridas principalmente por CACs desde o início do governo Bolsonaro. Será um desafio para o novo governo decidir como frear essa corrida armamentista e o que fazer com as milhões de armas que entraram em circulação nos últimos quatro anos", comenta.

Distribuição no Distrito Federal

A maior parte das apreensões de pistolas 9mm ocorreram na periferia de Brasília. A primeira colocada foi a região administrativa de Ceilândia, com 47 retenções. Em segundo lugar, está Samambaia, com 30; seguida por Santa Maria, com 24. Confira a lista completa de apreensões por região administrativa:

grafico_apreensao_armas_df_2022

* Estagiária sob supervisão de Leonardo Cavalcanti

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