Bolsonaro pede que STF suspenda ação sobre interferência na PF
Em ligação, Milton Ribeiro disse ter sido informado sobre possibilidade de ser alvo de buscas
Camila Stucaluc
O presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu, na 3ª feira (5.jul), que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspenda a ordem do ministro Alexandre de Moraes para que a Procuradoria Geral da República (PGR) se manifeste sobre a suposta interferência do chefe de Estado na Polícia Federal. O caso se refere às operações realizadas para apurar o suposto esquema de corrupção no Ministério da Educação.
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No pedido, Bolsonaro argumenta que a Advocacia-Geral da União (AGU) já possui um inquérito para investigar eventuais irregularidades de interferência, que está sob responsabilidade da ministra Cármen Lúcia. O presidente aponta, portanto, que há duplicidade nas investigações e solicita que o pedido de suspensão seja levado a julgamento colegiado no STF, atualmente em recesso de meio de ano.
No último dia 28, Moraes enviou um despacho para que a PGR se manifestasse sobre o pedido de investigação envolvendo Bolsonaro por suposta interferência na Polícia Federal em 2020, após demissão do então diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo. Na ocasião, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro acusou o chefe de Estado de interferir nas investigações.
A ação de Moraes atendeu um pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que apontou novos indícios de "interferência do Presidente da República na Polícia Federal", uma vez que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro afirmou, durante conversa telefônica com a filha Juliana, que Bolsonaro teria alertado ele sobre a possibilidade de ser alvo de busca e apreensão dos agentes.
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No documento, Rodrigues pediu que fossem adotadas "as medidas cabíveis a fim de evitar interferências indevidas da cúpula do Poder Executivo nas atividades-fim da Polícia Federal determinando, se for o caso, a abertura de inquérito para apurar a conduta de violação de sigilo e de obstrução da justiça do presidente Jair Bolsonaro".