Bolsonaro chama lucro da Petrobras de "estupro" e faz apelo à empresa
Presidente afirmou que Brasil "pode quebrar" se houver novo aumento no preço dos combustíveis
Guilherme Resck
Em sua tradicional live semanal, o presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou nesta 5ª feira (5.mai) enfaticamente o lucro da Petrobras e fez um apelo à empresa para que não aumente o preço dos combustíveis, o que faria o nome da companhia ir, em suas palavras, "para a lama".
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
De acordo com o chefe do Executivo, a União interferir nesses valores "é irresponsabilidade", mas não pode entender como "a Petrobras, durante crise da pandemia, e agora guerra [da Ucrânia] lá fora, fatura horrores". "O lucro da Petrobras é maior com a crise. Isso é um crime, é inadmissível", completou. O presidente justificou a fala dizendo que outras petroleiras no mundo, como a BP, Shell e Total, "tem um lucro na casa de 10 a 15%, e a Petrobras tem um lucro de 30%". "Agora, quem paga a conta desse lucro? É a população brasileira. E você não tem como interferir legalmente na Petrobras. Esse interferir legalmente é você, em épocas de guerra, como nós estamos vivendo agora, não é no Brasil, mas a guerra tem reflexo para o mundo todo, reduzir esse preço. Porque muitas petroleiras mundo afora reduziram o preço. Baixaram a margem de lucro das suas empresas, para ajudar o seu país a não quebrar. O Brasil, se tiver mais um aumento de combustível, pode quebrar, e o pessoal da Petrobras não entende, ou não quer entender, ou só estão de olho no lucro".
Posteriormente, ele classificou o atual momento como "de guerra" e apelou à estatal brasileira: "não aumente mais o preço dos combustíveis, o lucro de vocês é um estupro, é um absurdo. Vocês não podem aumentar mais o preço do combustível". Ainda na live, disse que o presidente e diretores da empresa "tem obrigação" de buscar alternativa para não aumentar os valores, por causa dos salários que possuem; de acordo com Bolsonaro, o presidente da petrolífera recebe R$ 210 mil mensais, e os diretores, R$ 110 mil. "E quando acaba o ano, se a Petrobras for lucrativa como está sendo, eles ganham mais de seis, sete, oito salários de bonificação. Essas pessoas não estão preocupadas com o preço do combustível para eles", pontuou. Conforme o chefe do Executivo, fora de um momento "de guerra", um lucro como o atual não teria problema.
Gastos do cartão corporativo
Em outro momento da live, Bolsonaro justificou os gastos com cartão corporativo: "O pessoal todo mês pega essa banda de uma parte considerável da mídia 'ah, ele gastou R$ 1,5 milhão de cartão corporativo no mês passado', gasta mesmo. Gasta mesmo. Porque a média de pessoas que me acompanham em qualquer viagem é acima de 100. E as pessoas têm alimentação, tem pousada, tem que trazer uma cama enorme de material para cá, para revistar, preparar, pessoas com outras missões sensíveis". Segundo o político, possui três cartões corporativos, sendo um para despesa pessoal sua, que pode sacar até R$ 24 mil por mês "e tomar Itubaína". "Nunca saquei um centavo. Os outros dois cartões, para despesas".
Pix
Outro assunto abordado pelo integrante do PL foi o Pix. A tecnologia está, em suas palavras, "aposentando a Caixa Econômica". "Em média, nos últimos meses, por mês, são R$ 1,3 bilhão de movimentações via Pix, custo zero. Corrigi com o Banco Central a projeção de quanto os bancos vão deixar de ganhar no corrente ano, porque no passado você, quando ia ao banco ou fazia muitas operações, em grande parte delas, você pagava uma taxa para o banco. Você não paga nada. Então bancos vão deixar de ganhar neste ano no mínimo R$ 30 bilhões". Bolsonaro revelou ainda que novidades envolvendo o Pix serão lançadas nos próximos dias, sem entrar em detalhes.
Elogio a André Mendonça
Mais ao final da transmissão ao vivo, o presidente elogiou o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), indicado por ele para a Corte: "Uma pessoa fantástica. Uma pessoa que não ajuda a mim, ajuda o Brasil dentro do STF". Ele afirmou ainda saber o que Mendonça e Kassio Nunes Marques, outro indicado seu, "vão votar muitas vezes"." Como é que eu sei? Pelo conhecimento que eu tive da vida pregressa dele. Entra uma pauta econômica, eu não falo com o André nem com o Kassio, eu sei como eles vão votar. Entra uma pauta de armamento, um pauta sobre, por exemplo, valores, a questão de família, ideologia, eu sei como eles vão votar. Pautas do interesse do Brasil, eu sei como eles vão votar. Assim como eu sei como todos os ministros vão votar determinados assuntos. Se eu não sei, eu me aproximo. Dificilmente eu erro, porque dada a vida pregressa das pessoas". Mendonça foi criticado por bolsonaristas ao votar pela condenação do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).