Encontro com ministro Paulo Guedes decepciona auditores da Receita Federal
Servidores estão em greve há quase 20 dias e cobram regulamentação de bônus
Edney Freitas
O sindicato dos auditores da Receita Federal afirmou que a categoria saiu decepcionada da reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes. O encontro dessa quinta-feira (13.jan) foi para tratar das reivindicações dos auditores que estão em greve desde o dia 27 de dezembro de 2021.
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A categoria cobra mais recursos no orçamento da União para o reajuste salarial. E também exigem a regulamentação do chamado "bônus de eficiência" - um benefício que era pago por produtividade do servidor. Os servidores da Receita foram os primeiros a reclamar por melhor remuneração após o presidente Jair Bolsonaro sinalizar que daria reajustes apenas para algumas categorias, como policiais.
O presidente do Sindifisco Nacional, Isac Falcão, disse na saída do encontro com Paulo Guedes que a reunião não atendeu às expectativas e que o movimento deverá se acirrar nos próximos dias. "O ministro se manifestou no sentido de compreender o pleito e achar justo, mas disse que não pode dar um prazo para sua implementação e entende que esse não é o momento para a solução dessas questões", disse. O Ministério da Economia não vai comentar a reunião.
Auditores dizem que essa bonificação está prevista em lei há mais de cinco anos, mas é preciso editar um decreto -- que precisa passar pelo Congresso -- para que seja implementada.
Desde o começo do movimento dos auditores, foram registrados 1.288 comunicados de entrega de cargos na chefia do órgão. As primeiras exonerações começaram a ser publicadas nesta semana. Com a paralisação, ficam prejudicadas as atividades de fiscalização tributária e aduaneira, ou seja, de importação e exportação de mercadorias. Esse trabalho é mais presente nos aeroportos, fronteiras e portos.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (14.jan), o sindicato explicou a evolução do movimento dos auditores fiscais da Receita Federal, em Porto Xavier, Rio Grande do Sul. O pátio da Receita Federal, com capacidade para 95 caminhões, está lotado. Nas filas para liberar exportações para a Argentina, havia 20 caminhões esperando cruzar a fronteira por balsa.
No município de Mundo Novo, Mato Grosso do Sul, também foram registradas filas imensas de caminhões. Sem prazo para terminar, a mobilização pode resultar no desabastecimento de mercadorias nos dois lados da fronteira, tanto de gêneros alimentícios quanto materiais de construção civil, além de outros produtos tidos como essenciais.
Novas adesões
Ao todo, ao menos 19 categorias de servidores podem começar a paralisar atividades para elevar a pressão contra o governo por reajustes salariais. Os sindicatos dessas categorias apoiam as paralisações programadas para os dias 18, 25 e 26 de janeiro. Além disso, em fevereiro, os servidores vão discutir uma possível greve.
A lista envolve os auditores da Receita Federal -- que já estão parados -- servidores das agências regulatórias, do Banco Central, da Controladoria-Geral da União, do Itamaraty, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), defensores públicos federais, servidores do Legislativo, do Judiciário, do Tribunal de Contas da União, entre outros.