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"O único representante político das Forças Armadas é o Ministério da Defesa", diz nota conjunta dos militares

Após muitos episódios de desgastes com Bolsonaro, militares publicam nota conjunta afirmando seu papel fora da política

"O único representante político das Forças Armadas é o Ministério da Defesa", diz nota conjunta dos militares
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Desgates entre presidente e militares se arrasta por alguns dias. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O Ministério da Defesa publicou no fim da manhã deste sábado (14 nov.) uma nota oficial quatro dias depois sobre declarações envolvendo o Governo Federal, mais diretamente ao presidente Jair Bolsonaro, e as Forças Armadas, para esclarecer o seu papel político no País.

A nota conjunta assinada por Fernando Azevedo, Ministro da Defesa; General Edson Leal Pujol, Comandante do Exército; Ilques Barboza Junior, Almirante de Esquadra da Marinha do Brasil; e o Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, Conmandante da Aeronautica vem após vários episódios com desgastes entre os membros das forças militares.

Um dos episódios foi quando o presidente da República fez uma provocação ao presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, ao afirmar que usará pólvora caso o país levante barreiras comerciais contra o Brasil, se o governo não proteger o meio ambiente. 

"Assistimos há pouco aí um grande candidato a chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso?", pergunta Bolsonaro. "Apenas a diplomacia não dá, não é, Ernesto? Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão, não funciona. Não precisa nem usar pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo. Ninguém tem o que nós temos.", disse na última terça-feira (10 nov.).

Esta fala gerou desgaste da imagem do das forças, sendo chacota e piada nas redes sociais.

Além disso, Bolsonaro afirmou no mesmo dia, durante um comentário sobre os 162 mil brasileiros mortos por covid-19, que o Brasil era um "país de maricas", porque "tudo agora é pandemia" e que "tem que acabar esse negócio". Além disso, ele diz lamentar todos os mortos, porém reforçou que "todos nós vamos morrer um dia".

O general Santos Cruz respondeu nas redes sociais contra a declaração do presidente da República.
 

Na quarta-feira (11 nov.), quando a Anvisa suspendeu os estudos com a vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, devido a um caso de morte por "evento adverso grave", o presidente Jair Bolsonaro comemorou o ato da agência nas redes sociais. Escreveu: "Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha". 

A publicação provocou indignação por todo o país e para alguns membros do Exército, como o General Santos Cruz que publicou nas redes socais a postura do presidente da República.
 

Dois dias depois, o comandante Edson Pujol externou publicamente sobre a participação dos militares na política e que o Exército "não tem partido". Ele ressaltou que não quer política nos quarteis, durante um debate sobre Defesa e Segurança Pública.



Pujol externou insatisfação sobre a participação dos militares na política. Foto: Reprodução


Após a declaração do comandante do Exército, Bolsonaro reagiu no Twitter escrevendo que a escolha do Pujol foi feita por ele e que o pensamento do general "vem exatamente ao encontro do que penso sobre o papel das Forças Armadas no cenário nacional" e que elas devem se manter apartidárias "baseadas na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República".

 

A nota reconhece as demonstrações de apoio do governo federal em relação às Forças Armadas brasileiras, mas, ressalta que "o unico representante político das Forças Armadas, como integrante do Governo, é o Ministério da Defesa". Que o papel das Forças Armadas é totalmente à parte da política partidária, cujo está orientado em texto constituicional.

Além disso, é ressaltado o papel dos militares nas ações e missões em relação aos desafios no País, como o combate ao novo coronavírus, Operação Verde Brasil 2, Operação Acolhida, Operação Ágata e entre outros.

E por fim, esclarecem que esperam o Brasil com instituições sólidas e transparentes, contando com o fortalecimento das instituições para que o Brasil alcance os melhores níveis de desenvolvimento e segurança.


Leia abaixo a íntegra da nota do Ministro da Defesa e dos Comandantes das Forças Armadas:

A respeito de recentes publicações e especulações envolvendo o Governo e as Forças Armadas, o Ministro de Estado da Defesa e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica esclarecem que:

- A característica fundamental das Forças Armadas como instituições de Estado, permanentes e necessariamente apartadas da política partidária, conforme ressaltado recentemente por chefes militares, durante seminários programados, é prevista em texto constitucional e em nada destoa do entendimento do Governo e do Presidente da República;

- O Presidente da República, como Comandante Supremo, tem demonstrado, por meio de decisões, declarações e presença junto às tropas, apreço pelas Forças Armadas, ao que tem sido correspondido;

- O único representante político das Forças Armadas, como integrante do Governo, é o Ministro da Defesa;

- Os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, quando se manifestam, sempre falam em termos institucionais, sobre as atividades e as necessidades de preparo e emprego das suas Forças, que estão voltadas exclusivamente para as missões definidas pela Constituição Federal e Leis Complementares;

- As Forças Armadas direcionam todos os seus esforços exclusivamente para o cumprimento de suas missões, estando presentes em todo o País. Atualmente, atuam no combate ao novo coronavírus (Operação Covid-19), inclusive com apoio às comunidades indígenas; no combate aos crimes ambientais, ao desmatamento e às queimadas na Amazônia (Operação Verde Brasil 2); no acolhimento e interiorização de refugiados da crise na Venezuela (Operação Acolhida); no combate aos crimes transnacionais (Operação Ágata); no apoio às eleições 2020 (logística e garantia da votação e apuração); no apoio à população do Amapá, em função da recente crise gerada por falta de energia elétrica; em ações humanitárias e sociais, como a Operação Carro-Pipa (que leva água a milhões de pessoas atingidas pela seca), o atendimento médico hospitalar às populações ribeirinhas e o transporte de órgãos para transplantes; além de inúmeras outras atividades, destacando, ainda, a essencial e diuturna proteção das fronteiras marítima, terrestre e aérea, que asseguram nossa Soberania e Desenvolvimento Nacional.

Nota Oficial do Ministro de Estado da Defesa e dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica

Por fim, um País forte requer instituições sólidas e transparentes. Tratar com franqueza os assuntos da Defesa, além de proporcionar o fortalecimento das instituições, contribui para o propósito de alçarmos o Brasil a níveis adequados de desenvolvimento e segurança.


Fernando Azevedo, Ministro da Defesa
General Edson Leal Pujol, Comandante do Exército
Ilques Barboza Junior, Almirante de Esquadra da Marinha do Brasil
Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, Conmandante da Aeronautica
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