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Entidades internacionais lançam campanha contra violência sexual no futebol brasileiro

Me Too Brasil e Plan International pretendem acionar CBF, autoridades e clubes de futebol

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Foto: Lucas Figueiredo/CBF | Seleção brasileira feminina de futebol em campo, com arquibancada lotada
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Uma campanha de combate à violência sexual no futebol foi lançada pela Me Too Brasil e pela Plan International. A iniciativa, batizada de “Cartão Vermelho”, pretende reunir dados sobre assédio no ambiente futebolístico para, posteriormente, acionar clubes e autoridades em busca de ações efetivas para a segurança de mulheres no esporte.

A campanha foi lançada na semana passada e, no primeiro momento, está sendo feito um trabalho de conscientização sobre o tema, a partir da divulgação de conteúdos nas redes sociais das duas entidades. Também foi disponibilizado um formulário online para coletar impressões e experiências de mulheres que frequentam estádios de futebol ou que atuam no esporte.

Quando a etapa da pesquisa for concluída, a Me Too e a Plan pretendem encaminhar o estudo para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), ao governo federal e aos clubes, para cobrar por políticas públicas e outras medidas que possam garantir um ambiente seguro para as mulheres nos estádios, nos gramados e nos demais ambientes que envolvem a modalidade.

Presidente da Me Too Brasil, Marina Ganzarolli afirmou, em entrevista ao SBT News, que o grande objetivo da campanha é propor soluções que promovam uma mudança efetiva. Entre as medidas, ela cita a possibilidade de entradas exclusivas para mulheres e crianças nos estádios.

“Queremos levar soluções para aqueles que podem garantir um espaço mais seguro. Soluções que permitam que esse seja um lugar acolhedor para todos. A ideia é que a gente traga medidas, que muitas vezes podem ser super simples, como fazer uma entrada exclusiva para mulheres e crianças nos estádios. A gente sabe que o momento da fila para entrar é muito sensível para mulheres desacompanhadas, que costumam passar por situações de assédio na aglomeração. E isso é o que desestimula a ida do público feminino, que hoje representa quase metade dos fãs de futebol no Brasil, a esses locais”, pontuou Marina, fazendo referência a um levantamento do Kantar Ibope, feito em 2022, que apontou que 44% dos brasileiros que acompanham a modalidade são mulheres.

Também ao SBT News, a presidente da Plan Internacional no Brasil, Cynthia Betti, explicou que o papel da entidade dentro da campanha é cobrar mudanças na formação educacional das crianças.

“A Plan acredita muito na formação desde cedo de uma consciência de igualdade de gênero. Jogadores e jogadoras são exemplos para meninos e meninas. E muitas vezes os meninos constroem sua masculinidade com base no que estão vendo de atletas que são seus ídolos. Só que hoje em dia a gente ainda vê uma masculinidade muito tóxica dentro do esporte, que é o que a gente precisa combater, detalhou Cynthia.

Outras medidas

Em junho de 2024, a CBF assinou um acordo com o Ministério Público do Trabalho para combater o assédio moral e sexual no futebol. O acerto foi consequência de uma ação civil pública movida em 2021 pelo órgão, após denúncias contra o então presidente da entidade, Rogério Caboclo.

O dirigente foi acusado de assédio moral e sexual por funcionárias da CBF. Ele foi deposto do cargo por causa dos casos.

O acordo entre a confederação e o MPT prevê a criação de canais de denúncias e de medidas preventivas contra o assédio, com o intuito de “garantir um ambiente seguro”, segundo o documento que firma o acerto.

Um eventual descumprimento das obrigações assumidas pela CBF pode ocasionar em multas para a instituição.

Como denunciar

Denúncias de assédio sexual ou violência contra as mulheres podem ser feitas pelos números 190, da Polícia Militar (em casos de emergência/socorro rápido); 180, da Central de Atendimento à Mulher; e 0800 020 2806, canal da Me Too Brasil.

Me Too e Plan International

A Me Too é uma organização sem fins lucrativos, com atuação em diversos países, que se dedica à defesa dos direitos das vítimas de violência sexual, oferecendo acolhimento, atendimento psicológico, jurídico e assistencial.

A Plan International, também com sedes em diversos locais do mundo, se dedica a garantir os direitos das crianças e adolescentes, especialmente meninas, por meio de programas sociais.

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