Penúltimo debate antes da eleição tem formato diferente e confronto direto entre candidatos em SP
Embate foi realizado por UOL/Folha com os quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas do Datafolha: Boulos, Nunes, Marçal e Tabata
Emanuelle Menezes
Os candidatos à Prefeitura de São Paulo tiveram, na manhã desta segunda-feira (30), mais uma oportunidade para falar sobre propostas para a capital paulista e, dessa vez, em um formato diferente. O debate realizado pelo portal Uol e o jornal Folha de S. Paulo foi o primeiro da campanha na capital paulista a ter um banco de tempo, em que o próprio candidato administrava suas falas em um limite de 20 minutos.
O modelo causou mais interação, confronto direto entre candidatos e deixou, também, Ricardo Nunes (MDB) incomodado, ao final, quando não tinha mais tempo para falar e teve que ouvir acusações de Pablo Marçal (PRTB) – que, em mais de uma fala, afirmou que o atual prefeito havia sido denunciado por violência doméstica – sem poder se defender.
"Esse rapaz vai ficar usando do tempo dele para ficar fazendo crítica?", questionou o emedebista.
O encontro desta segunda contou com a presença dos quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto do Datafolha. Além de Nunes e Marçal, estavam presentes os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB).
Apesar dos confrontos verbais, o clima do debate foi menos tenso do que visto anteriormente. O único advertido pela mediadora Fabíola Cidral foi o candidato do PRTB, ao final do encontro, quando chamou o atual prefeito por um apelido. Nada comparado ao que aconteceu em outros embates, marcados por uma cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Marçal e por um soco dado por um assessor do ex-coach no marqueteiro de Nunes.
Com 20 minutos cada, os candidatos à Prefeitura da maior cidade da América Latina responderam a perguntas de jornalistas, citaram Deus e falaram de corrupção. Acusações antigas voltaram ao debate, envolvendo violência doméstica, drogas e golpe em aposentados. O machismo também foi apontado em uma fala de Marçal sobre voto feminino.
Deus
Marçal pediu para que Nunes respondesse a questões sobre a Bíblia, acusando o atual prefeito de se mostrar religioso somente para conquistar voto do eleitorado evangélico. "Cita aí pelo menos duas igrejas de Apocalipse, quem é o pai de Melquisedeque, o nome de pelo menos dois filhos de José. Mostre que é alguém assíduo na palavra", disse.
Nunes recitou o Salmo 133 e disse que o ex-coach tumultuava o debate. Ele também afirmou que o candidato do PRTB mentiu quando disse nas redes sociais que era apoiado por um pastor da Assembleia de Deus.
Tabata Amaral pediu tempo para comentar a discussão entre os dois e criticou o uso da fé para angariar votos, afirmando que essa não era uma atitude cristã.
"Aprendi desde muito pequenininha, no coral, na infância missionária, que o bom cristão demonstra seus valores pelos seus atos, e não pelas palavras bonitas", afirmou.
Machismo
Pablo Marçal começou o debate elogiando Tabata Amaral. Afirmou que ela era a candidata mais inteligente e chegou até a convidá-la para integrar seu eventual governo como secretária de Educação, caso deixasse "de ser esquerdista".
Mas, apesar dos afagos, disse que a candidata do PSB esbravejava como "tia de colégio" e, ao falar sobre o voto feminino, foi machista. O ex-coach é o candidato mais rejeitado pelas mulheres segundo a última pesquisa Datafolha, com 53% desse eleitorado dizendo que não votaria nele de jeito nenhum.
"Mulher não vai votar em mulher, mulher é inteligente. Ela tem sabedoria. Se fosse isso, pobre votava em pobre, negro ia votar em negro", afirmou no debate.
Boulos pediu a palavra e criticou o candidato do PRTB, dizendo que ele teve uma "fala preconceituosa". Tabata também respondeu e disse que ele odeia mulheres porque ela foi a única com coragem de desmascará-lo nos debates.
"Deve ser por isso que ele odeia tanto as mulheres e vem aqui dizer que mulher que é inteligente não vota em mulher. Mas as mulheres e o povo estão vendo e a única coisa que dispara nessa eleição é a sua rejeição", afirmou ela.
Obras emergenciais
Boulos criticou obras emergenciais feitas no último ano do mandato de Nunes, dizendo que ele "sumiu" por três anos.
"Outro dia, você falou, 'o Boulos não tem experiência, não geriria nem um carrinho de cachorro-quente'. Eu fico imaginando um carrinho de cachorro-quente gerido por você. O cachorro-quente ia custar uns 300 reais, porque a salsicha ia ser superfaturada, como foram as obras emergenciais. A salsicha ia vir do compadre", disse.
O atual prefeito negou irregularidades nas obras realizadas na cidade e disse que São Paulo está "batendo o recorde de investimento em obras".