Boulos: "Meu governo vai ser o com menos invasão na história de São Paulo"
Em entrevista exclusiva para o SBT News, o pré-candidato do PSOL à Prefeitura falou sobre a importância da política de moradia até para problemas como a Cracolândia
Simone Queiroz
Emanuelle Menezes
O deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) afirmou que, se eleito, terá o governo com menos ocupação de imóveis na história da cidade. Isso porque, segundo ele – líder histórico do Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST) –, as invasões acontecem por falta de política de moradia.
"Meu governo, se eu for eleito, com certeza é o que menos invasão vai ter na história de São Paulo, por que sabe o que gera a ocupação? Falta de política de moradia", disse Boulos.
A declaração foi dada em entrevista exclusiva para o SBT News exibida nesta quarta-feira (13). Essa é a primeira de uma série de entrevistas com todos os pré-candidatos à Prefeitura da maior cidade do Brasil.
Atuante no MTST por 20 anos, Guilherme Boulos define o assunto como "um tema de vida" e destaca como o movimento conseguiu garantir moradia popular a partir de programas como o Minha Casa Minha Vida - Entidades.
"Eu, com muito orgulho, fiz parte durante 20 anos. [O MTST] Ao contrário do que diz o meme, a fake news e tal, nunca tomou, invadiu, a casa de ninguém. O movimento sem teto dá casa para as pessoas. Nós demos casa para mais de 15 mil famílias", diz.
O problema da Cracolândia
A falta de moradia, para Boulos, acaba desembocando em outro grande problema para a cidade: a Cracolândia. Segundo ele, as cenas de uso aberto de drogas devem ser encaradas como um problema de segurança pública, mas também de saúde e de políticas públicas, como moradia e emprego.
"É resgate. Você tem que resgatar as pessoas, tem que estender uma mão. Essa mão é na saúde e essa mão também é em uma intervenção social. Ali é um problema de pessoas que não têm moradia, não têm emprego. Então você tem que atuar, para além da saúde e da segurança pública, com o acolhimento humanizado, para tirar aquela pessoa da rua. Porque uma coisa leva a outra: a pessoa tá na rua, sem perspectiva, sem futuro, vai pra droga, aí é um ciclo sem fim", diz o pré-candidato.
Questionado sobre a atuação de entidades religiosas na região, Boulos afirmou que a Prefeitura precisa de parceiros, mas é preciso "separar o joio do trigo".
"Qualquer entidade que faça um trabalho sério, que tenha profissionais da saúde mental, que siga as diretrizes da reforma psiquiátrica e da lei, nós vamos fazer convênio, porque a prefeitura sozinha não consegue, ela precisa ter essa parceria. Mas temos que separar o joio do trigo. Como em qualquer lugar, existem as entidades sérias, sejam religiosas ou não, que fazem um trabalho bem feito, bem intencionado, com profissionais qualificados, e essas precisam ser valorizadas e a prefeitura tem que fazer parceria. E existem as entidades que não são sérias, inclusive com casos de agressão de dependentes químicos. Com essas não dá pra seguir", concluiu o psolista.