Gabinete de crise da PRF foi montado quando bloqueios chegavam a 150
Diretor-geral, aliado de Bolsonaro, pediu R$ 970 mil e classificou manifestantes de grupo "ideológico"
Ricardo Brandt
O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques afirma que desde a 2ª feira (31.out) foi montado um Gabinete de Crise Nacional para debelar os quase 300 bloqueios de rodovias que se formaram pelo país. Os protestos começaram logo após a confirmação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas eleições 2022, orquestrado por apoiadores do Bolsonaro.
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No ofício enviado ao Supremo Tribunal Federal na madrugada desta 3ª feira (1.nov), Vasques lista as ações tomadas pela PRF. Entre elas a criação do comitê de crise, o pedido de liberação de R$ 970 mil feito ao Ministério da Justiça para custeio das ações de desbloqueio das vias - que inclui custeio de passagens e diárias de policiais, suspensão de atividades administrativas não essenciais e cancelamento de folgas -, as planilhas de monitoramento das rodovias e entre outros.
"Diante do imponderável e crescente volume de manifestantes e da sua persistência e resistência, o impasse prolongou-se, exigindo a mudança de estratégia", informa Vasques, o ofício enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O Supremo ordenou que a PRF e a Polícia Militar atuassem para desmobilizar as manifestações, sob risco de prisão de Vasques por descumprimento da ordem. No documento enviado à Corte, ele negou qualquer inação da corporação.
"Já nas primeiras horas desta segunda-feira (31/10/2022), a Diretoria de Operações da PRF reuniu-se com todas as superintendências e os chefes operacionais para estudar a situação, analisar as alternativas e eleger as melhores opções para atender a demanda."
Segundo o diretor-geral da PRF, "em momento algum tal determinação foi emanada por esta direção, ao que tal postura individual desses agentes será objeto de apuração".
No documento enviado ao STF, o diretor-geral da PRF anexou documentos e planilhas para comprovar a ação. Entre eles, um ofício em que solicitou, por volta das 16h30, uma verba de R$ 970 mil, "imprescindível para viabilizar a mobilização de efetivo e consequentemente a pronta resposta da PRF".
No ofício enviado ao STF, ele registra que a "mobilização assumiu proporções tais que o efetivo ordinário não consegue, por conta própria, resolver o problema, o que exige mobilização extraordinária de servidores".
Informou ainda que, por volta das 15h de 2ª, o Conselho Superior da PRF "diante da complexidade e sensibilidade dos fatos" instalou o seu Gabinete de Crise Nacional - mobilizando todas as Unidades Desconcentradas do Órgão para acompanharem e monitorarem as paralisações, protestos e bloqueios das vias.
Político
Vasques pediu voto ao presidente Jair Bolsonaro às vésperas do 2º turno informou ao Supremo que os bloqueios não são orquestrados por caminhoneiros, mas sim por movimentos políticos.
"Não se trata de uma manifestação de caminhoneiros e nem mesmo de uma categoria isolada, mas sim de um grupo de pessoas de classes e idades variadas, unidas por laços ideológicos/políticos específicos. Em alguns casos, as aglomerações ultrapassam 5 mil pessoas, sendo utilizados tratores, carros de passeio, táxis, mototáxis, entre outros."
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