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Eleições

Carol Vigliar fala sobre plano de governo: educação e inclusão política

Candidata disputa vaga no Palácio dos Bandeirantes no pleito deste ano; confira entrevista completa

Imagem da noticia Carol Vigliar fala sobre plano de governo: educação e inclusão política
Carol Vigliar tem 40 anos e atua como professora de ensino médio | Reprodução/redes sociais
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Nascida na capital paulista e professora de ensino médio, Carol Vigliar (UP) disputa o Governo de São Paulo no pleito deste ano, ao lado de Rafaela Carvalho, colega de chapa. Em entrevista ao SBT News, a candidata falou sobre as propostas de governo e a maior inclusão das mulheres na política.

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Quais são as três principais propostas suas de governo? 
Vou nem me apresentar, então. Meu nome é Carol, tenho 40 anos e tenho dois filhos. É que as principais propostas de governo têm muito a ver com a minha trajetória de luta e de vida. Escolhemos o meu nome justamente por considerar que eu personifico essas três lutas principais, que dizem respeito a nossas propostas em relação à educação do Estado de São Paulo. Nós defendemos que é necessário um concurso imediato para professores do Estado. Não é possível, nós temos quase metade dos professores com contratos temporários, escolas sendo fechadas, turmas sendo fechadas. Temos um sucateamento muito grande causado por todos esses anos de governo do PSDB no Estado de São Paulo. Uma das nossas bandeiras é essa, relacionada à educação. A outra pela educação pública, a revogação da reforma do ensino médio. A gente é a favor sim da reforma de transformação da escola pública, mas que seja construída junto com professores e alunos, não uma reforma que venha de cima para baixo e que piora a educação, o que vem acontecendo com a nossa juventude. A segunda bandeira é relacionada à questão das mulheres. Eu sou uma mulher, sou mãe, sou forjada no movimento de ocupação para construção de espaços que enfrentam de verdade a violência que as mulheres têm sofrido no nosso país. O Brasil é o quinto no mundo onde mais mulheres são assassinadas apenas por serem mulheres e, para nós, é fundamental que a gente construa uma política complexa de atendimento a mulher que passa pela construção de habitação popular para mulheres em situação de violência, porque muita mulher não sai do ciclo da violência por não ter para onde ir. Emprego, geração de emprego para essas mulheres, não uma bolsa de cinco ou seis meses, escola para os filhos e filhas dela e todo amparo social e econômico para que essa mulher possa romper o ciclo. Aliado a isso, uma educação de gênero nas escolas para que nossos filhos e crianças possam crescer num ambiente que debate a desigualdade entre homens e mulheres para romper com essa estrutura machista da nossa sociedade. E, por fim, uma reforma urbana profunda. Não é possível ter hoje no centro da maior capital do país, quase 4 mil crianças em situação de rua. Temos centenas de prédios abandonados, quando temos um déficit habitacional de quase 1 milhão de moradias, em sua maioria pessoas que gastam mais de 30% do salário pagando aluguel. Além de construir moradias, poderíamos resolver uma grande parcela disso com geração de empregos, porque se eu recebo um salário digno, eu posso pagar um aluguel, com regulamentação dos preços do aluguel, para que o proprietário não suba os preços, suspensão imediata de todo e qualquer despejo. Não é possível tirar uma família da casa que ela construiu ou de uma ocupação como essas que estamos agora no centro de São Paulo e jogar essas pessoas na rua. Aplicação do IPTU progressivo que está previsto no Estatuto da cidade. Temos centenas de imóveis onde os donos constroem um muro na porta para que o sem teto não ocupe. Ele não paga IPTU a mais por isso, então a gente paga o IPTU progressivo para ser aplicado a essas pessoas desapropriadas. E, para finalizar, a questão da mobilidade, do transporte. Eu sou do ABC Paulista e para o transporte para capital é preciso ter três bilhetes, pagar três tarifas diferentes, e enfrentar uma série de problemas que nós trabalhadores enfrentamos diariamente para pegar o transporte público: transporte cheio, caro e sucateado de propósito, porque querem privatizar o que ainda temos de público. Então vão largando de mão, terceirizando. Propomos que o transporte volte para mão do Estado e não para servir ao lucro, e que possamos ter somente um bilhete pelo menos para região metropolitana para que a gente possa se transportar com tarifas reduzidas e qualidade. 

Você falou em educação, mulher, reforma urbana. Qual é o norte da sua campanha? É o que está na sua camisa?  
Nossa bancada é feminista. Nós nos denominamos uma bancada anti racista, anti fascista, anti machista e anti capitalista. Nós lançamos uma chapa só com mulheres, porque nós mulheres trabalhadoras, mães, avós, erguemos essa cidade, esse Estado, esse país, nós somos a maior parte da população. Toda riqueza desse país passa pela mão das mulheres, e as mulheres hoje ocupam pouquíssimo espaço na política, porque a gente é toda tarefa doméstica, toda tarefa dos cuidados recai sobre nossos ombros. Então a gente, nós escolhemos apenas mulheres não como cota porque somos forjadas na luta, toda nossa trajetória de vida, todas nós nos formamos na luta em defesa das mulheres e dos oprimidos, mas também para mostrar para as mulheres que nós precisamos tomar partido, participar dos espaços de decisão. Nós não queremos governar para as mulheres, queremos governar com as mulheres, nós precisamos ter voz nesse país, precisamos dizer o que a gente quer, a gente sabe o que precisa para melhorar nossa rua, a gente sabe qual seria uma escola ideal para nossos filhos e filhas, a gente sabe qual seria a UBS de qualidade para gente ser atendido, um transporte, o que a PM de São Paulo não fizesse com nossos filhos e filhas. Nós sabemos.

Qual o maior desafio que você acha que vai enfrentar?   
O nosso partido é um partido recém fundado, um partido construído por trabalhadores e trabalhadoras e um partido sem recurso e, para nós, isso não é um problema. Nós escolhemos se forjar entre a nossa classe, entre a classe trabalhadora, mas é uma luta desigual, uma luta do tostão contra o milhão, até para gente ter um espaço na imprensa, na comunicação, é desigual. Outro dia me perguntaram "quem eu vou apoiar no segundo turno". Por que eu já tenho que dizer quem eu vou apoiar no segundo turno? Por que não podemos ter a mesma chance? O povo pobre, o povo trabalhador não sai igual, eles largam antes, eles saem na nossa frente. Então essa é a principal dificuldade, a desigualdade da legislação eleitoral. Não vou dizer nem a falta de recurso, porque se ninguém tivesse recurso e a gente saísse igual já seria diferente.

Em caso de vitória, assim que você assumir o Palácio dos Bandeirantes, o que você vai fazer? 
A gente vai imediatamente suspender os despejos no Estado de São Paulo, criar postos de trabalho, porque tem muita obra a se fazer, muita coisa pra melhorar e a gente sabe que o Estado é o mais rico do país tem recurso pra isso. Chamar um concurso público imediato para professores e convocar toda a categoria de professores para debater o futuro da escola, qual escola queremos. A gente defende que os assuntos mais sentidos pelo nosso povo, que o nosso povo possa opinar, chamar conselhos populares, plebiscitos populares para que a gente possa debater. Faria isso e acho que a geração de emprego, já falei, mas vou repetir, a gente tem milhões de famintos no nosso Estado, milhões de pessoas correndo o risco de ser despejadas, de perderem suas casas, de não conseguirem mais pagar aluguel. Então é importante que a gente crie imediatamente empregos e crie mecanismos para que essas pessoas possam se manter até estarem empregados e empregadas. 

O que é possível fazer com pouco tempo, menos de 10 segundos, que você tem direito no horário eleitoral no rádio e na TV?  
Acho que a gente falaria para população desempregada, para população, na verdade, para os trabalhadores empobrecidos, porque a gente tem quase 70% dos trabalhadores recebendo até dois salários mínimos.  

Mas aí já passou 10 segundos (risadas)
É verdade, já passou. Nunca pensei nisso. Eu vou falar que nós mulheres precisamos participar; nós mulheres precisamos tomar as ruas; nós mulheres precisamos tomar partido e participar da vida política do nosso país. 

Qual é o principal objetivo da sua candidatura já que existe pouca possibilidade de vitória?   
São dois principais objetivos que se conversam, os objetivos da unidade popular: educar o nosso povo politicamente, mostrar que nós da classe trabalhadora assim como vocês, devemos e precisamos ser no nosso país, que não é justo a gente viver na miséria que a gente está vivendo e que tem um jeito. Isso é a primeira coisa e, junto disto, é denunciar os crimes do fascista Bolsonaro, alertar para nosso povo que ele não pode continuar no poder e que ele quer e só nós podemos barrar o golpe no nosso país estando na rua. Nós não vamos barrar golpe só votando, com acordinho de gabinete, não é assim que se barra um golpe, é na rua. Então, a gente usa a eleição para conversar com a população, educar o nosso povo politicamente, já que não é educado e não é estimulado a participar da política há a cada dois anos. Não precisa ser assim. E de denunciar os crimes do Bolsonaro e de chamar o povo para ir para rua, inclusive no dia 7 de setembro. Nós, da Unidade Popular, estaremos nas ruas junto com a ala mais progressista das Igrejas, que estão chamando o grito dos excluídos para denunciar. E não vamos aceitar se eles vão para rua, nós também vamos, porque a rua é do povo. 

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