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Lula: "Queremos voltar porque precisamos retomar a Petrobras ao Brasil"

Ex-presidente atacou o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro, em discurso em Santo André (SP)

Lula: "Queremos voltar porque precisamos retomar a Petrobras ao Brasil"
Lula discursando em visita a condomínios construídos pelo MTST (Guilherme Resck/SBT News)
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Em visita aos condomínios Novo Pinheirinho e Santos Dias, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), em Santo André, no ABC Paulista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 6ª feira (25.mar) que deseja voltar a ser presidente para retomar prática de um controle maior da União sobre a Petrobras e impedir privatizações.

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"Eu não utilizo a palavra governar. Nós queremos voltar para cuidar desse país e cuidar do povo brasileiro. Fazer com que as pessoas sejam respeitadas na sua dignidade. E também porque nós precisamos retomar a Petrobras para o Brasil, nós precisamos não deixar privatizar a Eletrobras, nós precisamos não deixar privatizar o Banco do Brasil, Correios, Caixa Econômica Federal, nós queremos recuperar o papel de financiar o desenvolvimento industrial do BNDES, porque tem muita gente que não sabe por que a gasolina está cara", pontuou Lula.

Falando sobre o preço da gasolina, na sequência, atacou o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL): "Você vê na televisão o nosso presidente mentiroso, porque ele conta sete mentiras por dia, nós vemos ele dizendo que a gasolina está cara por causa da guerra da Ucrânia. É mentira, é mentira". Segundo Lula, o preço do combustível nacionalmente seria menor caso estivessem em atividade refinarias "que eles pararam de fazer" e não houvesse, por causa da privatização da antiga BR Distribuidora, 392 empresas importando gasolina dos Estados Unidos, pagando o preço em dólar. O petista acusou aqueles que querem manter o valor da gasolina "dolarizado" no Brasil de desejarem "atender aos interesses lucrativos dos acionistas americanos que estão na Bolsa ganhando o dinheiro da Petrobras". "E eu quero que vocês saibam: nós vamos voltar e a Petrobras vai voltar a ser brasileira e os preços vão voltar a ser brasileiros".

Entretanto, as ideias não anulam o fato de que a guerra na Ucrânia pressiona para cima o preço dos combustíveis no Brasil tanto porque a Petrobras importa petróleo e derivados como porque adota o preço de paridade de importação (PPI).

Apoio a Boulos

Em determinado momento de sua fala, Lula demonstrou apoio a uma possível candidatura do líder do MTST, Guilherme Boulos (Psol), à prefeitura de São Paulo daqui a dois anos: "A gente tem que fazer a Presidência da República, a gente tem que fazer o governo de São Paulo e, em 2024, a gente vai fazer o Boulos prefeito de São Paulo".

Boulos concorreu à prefeitura em 2020 e perdeu no segundo turno para Bruno Covas, então filiado ao PSDB. Neste ano, pretendia concorrer ao governo de São Paulo, mas desistiu da pré-candidatura, para disputar vaga na Câmara dos Deputados.

Foi ele quem convidou Lula a visitar os condomínios em Santo André nesta 6ª. Também esteve no evento. Em discurso, se referiu ao ex-prefeito paulista o Fernando Haddad (PT), outro presente na visita, como "futuro governador São Paulo", e ao ex-presidente petista como "futuro presidente do Brasil".

A fala teve ataques a Bolsonaro também; após rebater acusações de "vagabundo" e "invasor" feitas a quem é integrante do MTST, falou: "Vagabundo é quem ficou 27 anos no Congresso e não fez nada. Só rachadinha e esquema de gabinete. Vagabundo é quem fica passeando de moto e jet ski enquanto o povo está na fila do osso. Vagabundo é o Jair Bolsonaro". Em outro momento, afirmou que "o povo brasileiro é muito maior do que essa tragédia que a gente está vivendo hoje. "É muito maior do que Bolsonaro e a sua turma". 

Sobre os condomínios especificamente, o líder do MTST disse expressarem "a potência do movimento social, a potência do povo organizado". Ainda de acordo com Boulos, espera que Lula reconstrua o programa de moradia popular do Brasil, junto com o povo, e é necessário "desapropriar imóveis abandonados nas regiões centrais [das cidades] para botar pobre para morar no centro".

Minimizou acusações

Fernando Haddad, por sua vez, teve um discurso marcado por minimização de acusações de crimes feitas a esquerdistas: "Que crime nós cometemos? Abrimos a porta da universidade para o jovem filho do trabalhador, filho da faxineira, do pedreiro? O pecado que o Boulos cometeu foi ocupar uma área improdutiva da cidade perto do emprego para as pessoas poderem ter um teto? O pecado do Lula foi matar a fome de 36 milhões de brasileiros? Esse é o pecado que nós cometemos? Então nós vamos pecar mais uma vez, porque enquanto tiver um brasileiro sem-teto, um brasileiro com fome, um brasileiro sem educação, nós vamos estar na rua pela luta dos direitos sociais deste país".

Haddad disse ter tido "a honra" se ter atuado como ministro da Educação no governo Lula e afirmou que o PT colocou "na agenda política do país o óbvio", ou seja, atender o direito à moradia, educação e alimentação, por exemplo, mas que isso "incomodou essa elite, essa burguesia tacanha, que, para tentar destruir o Lula, tentaram destruir o país". Outro ataque foi voltado à gestão de João Doria (PSDB): segundo o ex-prefeito, não há governo estadual em São Paulo.

Moradia

Lula aproveitou o discurso durante a visita ainda para enaltecer o antigo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), criado em seu segundo governo e substituído na gestão Bolsonaro pelo Casa Verde e Amarela. De acordo com o petista, o primeiro foi "o programa habitacional mais ousado da história deste país". O ex-presidente acrescentou que, até o final do governo Dilma, foram contratadas 4,2 milhões de casas e entregues 2,7 milhões por meio dele.

Para um eventual novo governo Lula, prometeu aos integrantes do MTST presentes que eles terão "muito mais participação na construção de casas neste país". De acordo com ele, seu governo e o Dilma não conseguiu fazer tudo que podia ser feito na área de moradia porque "possivelmente" suas consciências "naquele momento não levava fé de que o movimento tinha capacidade de fazer autogestão, de fazer casa possivelmente do que as empresas faziam, mais baratas do que as empresas faziam e quem sabe gerando mais benefícios do que as empresas geraram". "Possivelmente a gente estava condicionado ao discurso de que nós não temos capacidade de fazer as coisas ou mais, o discurso 'e se não der certo? E se a imprensa levantar uma denúncia contra o movimento', porque acontece", completou.

Ainda sobre o assunto, Lula disse "brigar" pela qualidade das casas para os mais pobres. Segundo ele, "acham" de forma equivocada que os menos favorecidos aceitam sempre "o resto", por causa dos mais de 300 anos de escravidão no país, e a classe baixa "gosta de coisa boa" e de trabalhar, não de "viver de favor".

O ex-presidente defendeu também as ocupações: "O povo ocupa para chamar a atenção do governo ter responsabilidade". Os condomínios visitados nesta 6ª foram construídos, em 2019, por meio do MCMV, após sete anos de ocupação por integrantes do grupo. No total, 910 famílias moram no local, em apartamentos com 54 m², contando com varandas. À disposição dos moradores, há também quadra e área social.

No local preparado para os discursos de Lula, Boulos e Haddad, havia bandeiras por exemplo do MTST, da Frente Povo sem Medo e de ocupações, como a Nova Canudos, da zona norte de São Paulo. Entre os que acompanharam as falas, estiveram não só integrantes do movimento, mas também políticos, como Sônia Gajajara (Psol) e a deputada estadual do Rio de Janeiro Renata Souza (Psol) e representantes de sindicatos, entre outros. Era possível observar de crianças a idosos.

Antes de os discursos começarem, vários gritos/cantos foram entoados pelo público, como "MTST, a luta é pra valer". Além disso, houve desfile de bombeiros mirins e bombeiros civis voluntários.

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